O Presidente do Brasil afirmou esta quinta-feira, durante um direto numa rede social, nunca ter chamado “gripezinha” ao novo coronavírus. Ao lado do ministro da Educação, Milton Ribeiro, e do secretário de Alfabetização do Ministério da Educação, Carlos Nadalim, Jair Bolsonaro acusou mesmo a imprensa de ter criado essa versão, defendendo que não existiriam quaisquer áudios ou vídeos que o comprovassem. A verdade, porém, é que existem pelo menos dois momentos, gravados, em que Bolsonaro desvalorizou a Covid-19, referindo-se aos seus sintomas como os de uma “gripezinha”.

Falei lá atrás que, no meu caso, pelo meu passado de atleta — eu não generalizei — se pegasse o Covid, não sentiria quase nada. Foi o que eu falei. Então, o pessoal da mídia, a grande mídia, falando que eu chamei de ‘gripezinha’ a questão do Covid. Não existe um vídeo ou um áudio meu falando dessa forma. E eu falei pelo meu estado atlético, minha vida pregressa, tá? Que eu sempre cuidei do meu corpo. Sempre gostei de praticar desporto”, afirmou esta terça-feira o presidente brasileiro.

Mas basta recuar a 20 de março para ver e ouvir o presidente brasileiro com outro discurso, durante uma conferência de imprensa que concedeu no Palácio do Planalto, em Brasília.

Depois da facada, não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar não, tá ok? Se o médico ou o ministro da Saúde me recomendar um novo exame, eu farei. Caso contrário, me comportarei como qualquer um de vocês aqui presentes”, afirmou Bolsonaro, após uma intervenção do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, que viria a sair do Executivo por desentendimentos com Bolsonaro sobre a estratégia a seguir durante os primeiros meses da pandemia.

Mas não foi apenas nesta conferência de imprensa que Jair Bolsonaro se referiu ao novo coronavírus com a palavra que agora diz nunca ter utilizado. Quatro dias depois, a 24 de março, de forma aparentemente irónica, descreveu os sintomas que teria caso fosse infetado, como sendo os mesmos de uma “gripezinha” ou de um “resfriadinho”. As declarações foram feitas durante uma comunicação ao país, através de uma estação de televisão nacional.

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No meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado com o vírus, não precisaria me preocupar. Nada sentiria ou seria, quando muito, acometido de uma ‘gripezinha’ ou resfriadinho, como disse aquele famoso médico daquela famosa televisão”, rematou Bolsonaro.

O Brasil passou esta quinta-feira a barreira das 171 mil mortes — 171.460 — e soma já 6.204.220 de infeções por Covid-19.