A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), reconhecido centro de investigação médica brasileiro, alertou esta quarta-feira que a rede de saúde pública da cidade do Rio de Janeiro “voltou a apresentar sinais de colapso”, situação agravada pela Covid-19.

Um dos pontos apontados pelo Monitora Covid-19, grupo de estudos da Fiocruz, é a lotação das Unidades de Terapia Intensiva (UTI), quer na rede pública, quer na privada. Também as mortes em domicílios na cidade do Rio de Janeiro aumentaram este ano, o que, segundo a nota técnica, “provavelmente ocorreram sem assistência médica”.

Continua a acontecer um número alto de mortes nos domicílios, sem atenção à saúde. O Município do Rio de Janeiro teve um excesso de óbitos de 27.000 pessoas desde abril, comparado à média de anos anteriores, sendo 13.000 causados pela Covid-19 e 14.000 ligados a outras causas, muitas delas evitáveis”, diz o texto.

“O aumento expressivo de óbitos ocorridos em domicílios (cerca de 4.000 a mais que o esperado para esse período), sem assistência médica e por causas mal definidas revela um quadro de desassistência geral nos primeiros meses da pandemia, o que não se restringe aos hospitais, mas principalmente à rede de atenção básica e ao sistema de vigilância em saúde”, frisa o documento.

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Segundo a Fiocruz, esses números mostram que o sistema de saúde da cidade do Rio de Janeiro “voltou a apresentar sinais de colapso, tanto para as causas de mortalidade diretamente, quanto para as indiretamente relacionadas à pandemia de Covid-19”.

Uma das preocupações do grupo técnico é que um novo aumento de casos da doença no Rio de Janeiro aconteça perto do período do Natal e das comemorações de fim de ano, alertando que o quadro de falta de assistência se poderá agravar em breve, caso não haja um reforço na estrutura hospitalar.

É importante o reforço da estrutura hospitalar de cuidados intensivos, a intensificação das atividades de atenção primária em saúde, articulada com a vigilância em saúde, bem como a manutenção de medidas de isolamento social e alerta para condições de risco nas próximas semanas, especialmente diante do quadro preocupante de realização de grandes festas de fim de ano, que já contam com propaganda regular nas redes sociais”, alerta a nota.

Segundo o jornal O Globo, até terça-feira, 168 pessoas aguardavam por uma vaga na UTI na região metropolitana do Rio de Janeiro. Já na rede privada, 98% das camas de terapia intensiva estavam ocupadas.

O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo maior número de mortos, depois dos Estados Unidos.