A União Europeia (UE) e o Reino Unido frisaram esta segunda-feira não haver condições para conclusão de um acordo pós-‘Brexit’ dadas as “diferenças significativas” entre os dois blocos, mas vão reunir-se presencialmente em Bruxelas para tentar ultrapassar o impasse.

O anúncio foi feito ao início da noite numa declaração conjunta da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, após um contacto telefónico numa altura decisiva para as negociações e de grande incerteza.

Como acordado no sábado, fizemos hoje um balanço das negociações em curso. Acordámos que as condições para a conclusão de um acordo não existem devido às diferenças significativas que subsistem sobre três questões críticas: igualdade de condições, governação e pescas”, frisaram os dois responsáveis.

Por essa razão, “pedimos aos nossos negociadores principais e às suas equipas que preparassem uma visão geral das diferenças remanescentes para serem discutidas numa reunião física a realizar em Bruxelas nos próximos dias”, anunciaram Ursula von der Leyen e Boris Johnson.

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A posição surge depois de o negociador-chefe da UE, Michel Barnier, se ter reunido de manhã com os embaixadores dos 27 em Bruxelas para dar conta do estado das negociações com Londres, a menos de quatro semanas do final do ano e do chamado período de transição, confirmando que ainda não há entendimento nas três matérias que têm sido as da discórdia ao longo dos últimos meses.

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Segundo algumas fontes diplomáticas, Michel Barnier apontou quarta-feira como data limite para um entendimento, informação que não foi confirmada oficialmente.

Certo é que o tempo é cada vez mais escasso para as partes chegarem a um acordo, que possa ser ratificado de modo a entrar em vigor em 1 de janeiro de 2021.

UE e Reino Unido tentam num derradeiro ‘sprint’ chegar a acordo sobre as relações futuras, já que a partir de 1 de janeiro de 2021 — data que coincide com o arranque da presidência portuguesa do Conselho da UE, no primeiro semestre do ano –, o Reino Unido, que abandonou o bloco europeu em janeiro de 2020, deixa de gozar do chamado período de transição, mantendo o acesso dos britânicos ao mercado único.

Na ausência de um acordo (‘no deal’), as relações económicas e comerciais entre o Reino Unido e a UE passam a ser regidas pelas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e com a aplicação de vários controlos alfandegários e regulatórios.