Marcelo Rebelo de Sousa não vai falar ao país, como é habitual após a renovação de mais um estado de emergência para os próximos 15 dias, mas nem por isso deixou de escrever uma mensagem aos “portugueses”. O Presidente da República pede um “contrato de confiança” entre os portugueses no Natal e na Passagem de Ano, avisando que se a quadra festiva não for celebrada com “bom senso” e “maturidade”, haverá um crescimento de novos casos de Covid-19 em janeiro e, com isso, uma “insuportável pressão” nos hospitais.

“Ou celebramos o Natal com bom senso, maturidade cívica e justa contenção, ou janeiro conhecerá, inevitavelmente, o agravamento da pandemia, de efeitos imprevisíveis no tempo e na dureza dos sacrifícios e restrições a impor”, lê-se na nota divulgada pelo Presidente da República na página da Presidência.

Marcelo pede mesmo “um contrato de confiança” com os portugueses, numa altura em que haverá algum alívio nas medidas restritivas. “Só o cumprimento desse contrato de confiança poderá evitar o que nenhum de nós deseja: mais casos, mais insuportável pressão nos internados e nos cuidados intensivos e mais mortos”, diz o Presidente em jeito de alerta.

Alerta esse que procura mesmo ir ao encontro de cada um dos portugueses, com Marcelo Rebelo de Sousa a avisar que só uma atitude responsável “poupará” da pandemia os “nossos familiares, vizinhos, amigos”. “Natal é tudo menos tempo de egoísmo”, avisa.

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Marcelo ao Observador: “Não tenhamos ilusões, vacinar portugueses vai levar muitos meses”

E o Presidente da República não quer “ilusões” sobre as vacinas. Tal como já tinha dito em declarações ao Observador, Marcelo não quer os portugueses a aliviar a pressão na mola apenas porque a vacina está prestes a começar a ser administrada na Europa, uma vez que em janeiro só “um número muito pequeno” de pessoas será vacinada, e ainda levará muito tempo até a vacina chegar à generalidade da população.

“E não haja ilusões. Não haverá senão um número muito pequeno de vacinados em janeiro – os que tiverem recebido a segunda dose a partir de 27 de janeiro –, e, muito menos haverá, nem em janeiro, nem nos meses imediatos, os milhões de vacinados necessários para assegurar uma ampla imunização que trave a pandemia”, diz o Presidente da República.

Leia a mensagem do Presidente da República na íntegra:

“Ao renovar, até 7 de janeiro de 2021, o estado de emergência, quero recordar o contrato de confiança que essa renovação pressupõe entre todos os Portugueses, ou seja, entre todos nós. Ou celebramos o Natal com bom senso, maturidade cívica e justa contenção, ou janeiro conhecerá, inevitavelmente, o agravamento da pandemia, de efeitos imprevisíveis no tempo e na dureza dos sacrifícios e restrições a impor.

E não haja ilusões. Não haverá senão um número muito pequeno de vacinados em janeiro – os que tiverem recebido a segunda dose a partir de 27 de janeiro –, e, muito menos haverá, nem em janeiro, nem nos meses imediatos, os milhões de vacinados necessários para assegurar uma ampla imunização que trave a pandemia.

Só o cumprimento desse contrato de confiança poderá evitar o que nenhum de nós deseja: mais casos, mais insuportável pressão nos internados e nos cuidados intensivos e mais mortos.

Um contrato de confiança, que não é entre nós e o Estado, o Presidente da República, a Assembleia da República ou o Governo, mas entre nós e todos os outros nossos compatriotas, que sofrerão na vida, na saúde, no desemprego, nos rendimentos, por causa do que tivermos feito ou deixado de fazer neste Natal.

Natal que, por definição, é tudo menos tempo de egoísmo. É tempo de dádiva, de partilha, de solidariedade. Que a dádiva, a partilha, a solidariedade neste Natal de 2020 se traduza, no que dependa de nós, em poupar da pandemia os nossos familiares, vizinhos, amigos, que o mesmo é dizer, o nosso Portugal.”