Aos 15 minutos, as estatísticas já permitiam perceber como seria o jogo. Quando o primeiro quarto de hora foi completado, a Supertaça Cândido de Oliveira entre FC Porto e Benfica tinha um único remate — intercetado, sem chegar à baliza — e já sete faltas cometidas. Mais tarde, já para lá da hora de jogo, só quatro jogadores de campo (dois de um lado, dois do outro) não tinha feito qualquer falta. E no fim dos 90 minutos, Hugo Miguel somou cinco cartões amarelos mostrados e 37 faltas assinaladas. 

Ou seja, em resumo, a Supertaça foi disputada de forma combativa e dura, com muitos duelos e muita agressividade. No fim, ganhou a equipa mais combativa, mais dura, mais eficaz nos duelos e mais agressiva. E nesse capítulo particular, existe um jogador que é o arquétipo do espírito do FC Porto: Sérgio Oliveira. O médio dos dragões, que recentemente renovou contrato até 2025 e encerrou um dos dossiês mais importantes que Pinto da Costa tinha para fechar nos primeiros meses do novo mandato, abriu o marcador, voltou a marcar e mostrou novamente que é o grande líder da equipa. Mesmo com Pepe em campo.

A presença do central português no onze inicial do FC Porto, depois da operação à fratura na arcada zigomática que sofreu na partida contra o P. Ferreira, fez com que a braçadeira de capitão saltasse do braço de Sérgio Oliveira para o de Pepe. Mas nada disso tirou influência a Sérgio Oliveira. Se Pepe é a voz de comando do meio-campo para trás, Sérgio Oliveira é o homem a seguir no setor intermédio e daí para a frente. São as indicações do médio português que orientam a equipa de Sérgio Conceição na movimentação ofensiva, na organização tática e na transição rápida depois de uma perda de bola. E, acima de tudo isso, Sérgio Oliveira voltou a marcar.

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Vlachodimos parou Taremi, Hugo Miguel assinalou grande penalidade, o VAR confirmou e Sérgio Oliveira converteu o castigo máximo. Bola para um lado, guarda-redes para o outro, 9.º golo da temporada do internacional português e o sexto penálti consecutivo que o médio marcou a serviço do FC Porto. Sérgio Oliveira, que saiu já nos instantes finais para deixar entrar Grujic, é fulcral na organização da equipa mas tem uma marca indelével no registo goleador dos dragões.

O médio português foi um dos jogadores do FC Porto que prestou declarações depois de os dragões levantarem o troféu e lembrou que a conquista de títulos é o “normal” no clube. “Estamos habituados a ganhar. Cumprimos o que era para cumprir, que era ganhar o título. Agora há que continuar. Sérgio Conceição disse-nos para ganhar a Taça, foi o que fizemos. Fizemos mais golos do que o Benfica. Estivemos sempre por cima no jogo. Soubemos contra-atacar bem, soubemos atacar com organização, aproveitar a profundidade. Fomos bem equilibrados nas transições do Benfica. Acho que controlámos o jogo por inteiro durante os 90 minutos. A equipa e o clube estão de parabéns por mais um título”, disse Sérgio Oliveira, num discurso que está bem para lá das frases normais de um qualquer jogador. É um discurso de um líder e de um autêntico representante de um grupo, que não teve pruridos em apontar para o emblema de campeão nacional que carrega na camisola durante um desentendimento com Otamendi.

Sérgio Oliveira marcou, foi dos melhores jogadores em campo e ainda teve tempo para dar uma lição de responsabilidade e confiança depois do fim do jogo. Afinal, o troféu já lá tinha o apelido dele. E Sérgio fez tudo e mais alguma coisa para o trazer na bagagem desde Aveiro até ao Porto.