O futebol espanhol está concentrado durante alguns dias em Málaga com a disputa da Supertaça, à semelhança do que irá acontecer em Leiria na próxima semana com a Taça da Liga, mas é de Pamplona que ainda se fala. Não pelo resultado, com o Real Madrid literalmente a congelar frente ao Osasuna num nulo que deixou o Atl. Madrid com quatro pontos de avanço tendo menos dois jogos (e o Barcelona só a três pontos dos merengues), mas por toda a rábula que envolveu a viagem, o encontro e a necessidade de ficar na cidade devido às condições meteorológicas que trouxe um frio como há muito não havia memória. E se a equipa da capital jogava esta noite uma presença na final frente ao Barcelona tendo o Athl. Bilbao como adversário, o contexto era ainda outro.

“Não tivemos clareza para criar oportunidades, houve poucos espaços mas não sofremos golos e, pelo menos, conseguimos um ponto. Para lutar pelo título é preciso vencer estes jogos. Agora, o que a Liga nos fez é lamentável. Claro que podíamos jogar mas tivemos de levantar voo com a pista congelada e agora não podemos regressar. Somos humanos. Fizemos o que nos pediram. Disseram-nos que, se não viéssemos, perdíamos três pontos mas acho que não foi seguro viajar. Não somos marionetas que têm de jogar sempre. Fizemos um esforço mas é preciso pensar nas viagens, na logística e em formas de regressar a casa”, acusou Courtois após o jogo.

Rebobinemos o filme. Na sexta-feira, quando Madrid já estava coberta de neve, o avião do Real saiu do aeroporto de Barajas num momento de transição entre a suspensão definitiva dos voos, como explicaria mais tarde o próprio ministro dos Transportes, José Luis Ábalos, após quatro horas de espera. “Foi uma decisão do piloto, que entendia que havia condições de segurança para a descolagem”, acrescentou. O encontro esteve em risco, houve cerca de 40 funcionários a trabalharem ao longo do dia de sábado para retirar neve e colocar o relvado nas condições menos complicadas, jogou-se (entre grandes dificuldades) mas de seguida os merengues não puderam regressar, ficaram em Pamplona e ficaram proibidos de fazer treinos de recuperação pelo protocolo da Covid-19.

“O jogo devia ter sido adiado, claramente. É muito complicado jogar nestas condições mas no final foi tomada uma decisão de que era para jogar e vimos o jogo que aconteceu. Não, não se devia ter jogado, mas no final do dia temos de fazer o que nos mandam. Razões para estarmos chateados? Ontem, hoje… Não sabemos se voltamos a Madrid segunda, terça… Hoje não houve um jogo de futebol mas é assim, vamos continuar. Agora temos de voltar a jogar na quinta-feira e esperamos que seja possível estar em boas condições”, queixou-se Zinedine Zidane após o nulo frente ao Osasuna, numa crítica à decisão de não adiar o jogo como aconteceu em relação ao Atl. Madrid-Athl. Bilbao, com o Wanda Metropolitano coberto de neve e a impossibilidade dos bascos jogarem no sábado.

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“Chateou-me a versão que o Real deu de tudo isso. Na sexta-feira à tarde falei com o diretor geral deles mais de 14 vezes, disse-lhe que se visse os rapazes muito nervosos o melhor que podia fazer era voltar à Cidade Desportiva e tentar viajar no dia seguinte. Disse-me que não. Não era essa a informação que Zidane tinha? Já vi tantas desculpas dos treinadores por não ter corrido bem um jogo que essa é só mais uma. Vou ligar ao presidente Florentino Pérez porque não fiquei nada satisfeito com o que se passou por trás de todo este assunto”, comentou Javier Tebas, presidente da Liga espanhola, a propósito das críticas feitas pelo clube de Madrid. “Estamos aqui há três dias e vamos tentar fazer um grande jogo contra um grande adversário. Tebas? Não vou responder, faz parte do passado. O que disse era uma evidência, não eram desculpas”, atirou o técnico francês de seguida.

No entanto, tudo correu mal ao Real Madrid, que voltou a perder um jogo oficial desde o desaire na Ucrânia com o Shakhtar no primeiro dia de dezembro e ficou afastado da revalidação da Supertaça neste novo formato, que será discutida no próximo domingo entre Athl. Bilbao e Barcelona, que derrotou a Real Sociedad nos penáltis. E o mais curioso foi mesmo o herói da partida ter sido Raúl Garcia, após a expulsão por acumulação logo aos 13′ do encontro a contar para a Liga que o conjunto da capital espanhola ganhou em casa por 3-1 na 19.ª jornada, naquela que foi também a primeira vitória de Marcelino Toral depois de substituir Gaizka Garitano no comando dos bascos.

E a história da partida acabou por ser escrita na primeira parte, com Lucas Vázquez a ficar mal na fotografia em duas ocasiões a par de Varane, que iria sair ao intervalo para dar lugar a Nacho Fernández: primeiro a dupla deu demasiado espaço para Raúl Garcia surgir no espaço entre lateral e central para não perdoar na área descaído na esquerda (18′) na sequência de mais um passe errado de Lucas Vázquez que deixou a bola a jeito no início de toda a jogada, depois foi o lateral a cometer a grande penalidade que permitiu ao antigo médio do Atl. Madrid de 2007 a 2015 bisar e fazer o 2-0 com que se atingiu o intervalo (38′). No segundo tempo, Asensio acertou no poste duas vezes, houve um golo anulado a Benzema e o máximo que os merengues conseguiram foi mesmo reduzir pelo avançado francês (o único avançado centro da equipa…), num lance que validado pela intervenção do VAR (73′).