Jorge Jesus não estava só desprovido de Gilberto, Vertonghen, Grimaldo, Nuno Tavares e Waldschmidt. Jorge Jesus estava também desprovido de João de Deus, Pietra, Mário Monteiro, Márcio Sampaio, Fernando Ferreira, Gil Henriques, Paulo Lopes, Evandro Mota, Rodrigo Araújo, Telmo Firmino, Paulo Rebelo, Carlos Caetano e Luisão. Ou seja, da equipa técnica que o acompanha, dos dois fisioterapeutas, do nutricionista e do diretor técnico. Em Leiria, teve elementos da equipa B encarnada para o assistir: mas a verdade é que nunca Jorge Jesus esteve tão sozinho no banco de suplentes.

Mesmo fora do próprio quintal, continua a ser um Horta a ditar as leis (a crónica do Sp. Braga-Benfica)

Ao longo do jogo, o treinador encarnado foi analisando a partida com o quadro tático nas mãos, algo que não costuma fazer, e chegou a ter a ajuda de Samaris na hora de explicar aos jogadores que iam entrar que função teriam dentro de campo — num momento que pode ser o primeiro capítulo da próxima etapa do grego, que parece ter tudo para seguir os passos de outros atletas que foram orientados por Jesus e que se tornaram treinadores. O técnico encarnado, o mais titulado da Taça da Liga, foi eliminado na meia-final pelo Sp. Braga, falhou a ida à final contra o Sporting e vê agora a época limitada à Primeira Liga, à Taça de Portugal e à Liga Europa.

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Na flash interview, Jesus garantiu que perdeu um jogo “que o Benfica podia ter ganho”. “Durante 60 minutos foi sempre a equipa com mais ocasiões. 16 remates, seis enquadrados, mais cantos… Só não tivemos mais golos, que é o que conta. Jogo bem disputado, com linha de quatro nova atrás. Os jogadores que foram lançados fizeram o que puderam, não foi por isso que não ganhámos. Mas fomos obrigados a mexer muito na equipa e o Sp. Braga aproveitou, em dois cruzamentos. O Benfica teve situações de golo que não fez e o Sp. Braga depois de estar a ganhar controlou nos últimos 15 minutos, o pior período do Benfica”, explicou o treinador encarnado, que acabou por elogiar a exibição de Cervi, adaptado a lateral esquerdo na ausência de Grimaldo e Nuno Tavares.

“Foi o que tínhamos de fazer mas a equipa esteve muito bem e na primeira parte controlou. Os que não têm jogado tanto fizeram o que podiam. O Cervi fez um excelente jogo. Já o tínhamos testado ali há umas semanas”, defendeu Jorge Jesus, reconhecendo que “a última semana foi muito complicada” devido aos inúmeros casos de Covid-19 que surgiram no clube. “É todo o ambiente que se passa. Tens de estar isolado quando vais treinar. Foi um caso complicado. O Sp. Braga jogou com quase toda a equipa que tem vindo a jogar, tirando o Paulinho. Os meus jogadores que entraram portaram-se muito bem. A única coisa que nos podemos lamentar é do jogo, de uma ou outra situação que podíamos ter feito melhor. Queríamos ganhar. Pela maior parte do grupo que está em casa por causa da Covid, queríamos oferecer aos jogadores e aos adeptos. A equipa no jogo jogado foi uma equipa que equilibrou, não foi por aí. Para mim tem sido difícil ver os que ficam de fora. Num dia, fiz três testes. Felizmente não tive nada e sinto-me bem. Infelizmente, isto vai chegar a todos, sou o único da equipa técnica que não foi afetado. E também ando lá no meio deles todos”, desabafou o treinador.

Já na conferência de imprensa, Jesus explicou que o jogo acabou por ser mais simples do que a semana, que foi muito complicada de gerir. “Em alguns treinos tive de treinar uns a uma hora, outros noutra, não nos pudemos encontrar. Não houve ambiente. É como um problema numa família, onde todos têm de estar separados. A nossa família é o Benfica, há umas semanas conseguimos restabelecer a equipa, esta semana foi um surto complicado, adaptámo-nos, tivemos que adaptar-nos com jogadores que não têm jogado tanto (…) Tem sido complicado estarmos separados. É complicado emocionalmente e psicologicamente. Geri durante a semana todo o grupo, uma família que tem de estar separada. Não tem sido fácil para nós”, terminou o técnico encarnado.