O secretário-geral da ONU instou esta segunda-feira a comunidade internacional a unir esforços e a alcançar uma recuperação pós-crise pandémica que seja global, inclusiva e equitativa, numa intervenção por vídeo durante o Fórum Económico Mundial, este ano totalmente virtual.

Para António Guterres, a recuperação pós-crise da pandemia de Covid-19 também deve ser “verde”, ou seja, “abordar as mudanças climáticas e a perda de biodiversidade”, bem como deve avançar em direção aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, uma agenda com 17 metas (como a erradicação da pobreza ou a proteção do ambiente) que foi aprovada pelas Nações Unidas e pretende estar em vigor até 2030.

A recuperação inclusiva e sustentável em todo o mundo dependerá da disponibilidade e da eficácia das vacinas para todos, do apoio fiscal e monetário imediato em países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento e de medidas transformadoras de estímulo a longo prazo”, declarou Guterres, na mesma intervenção no Fórum Económico Mundial, que este ano não está a ser realizado presencialmente em Davos (Suíça) devido aos constrangimentos provocados pela pandemia do novo coronavírus.

Indicando que as vacinas estão a chegar rapidamente aos países de alto rendimento, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) denunciou que uma situação contrária está a ser verificada nos países mais pobres do mundo onde “não há nenhuma”. E frisou que o mundo só estará a salvo da doença Covid-19 quando a população de todos os países estiver vacinada.

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O representante salientou que os países desenvolvidos “ativaram pactos de estímulo sem precedentes” no valor de muitos milhares de milhões de dólares, lembrando, porém, que “apenas 1% desses recursos chegaram aos países em desenvolvimento”.

“Muitos dos países de rendimento médio e os menos desenvolvidos precisam de liquidez para evitar o incumprimento da dívida”, declarou António Guterres, antes de reiterar os apelos, uma vez mais, para que exista um alívio da dívida para todos os países necessitados, de modo a que “ninguém seja obrigado a escolher entre a prestação de serviços básicos às respetivas populações ou a execução das dívidas”.

Sobre a escolha de um modelo de “recuperação sustentável”, Guterres defendeu, durante a mesma intervenção, que tal opção irá ajudar “a pôr um fim à guerra contra a natureza, a inverter a catástrofe climática e a restaurar o (nosso) planeta”.

“O nosso principal objetivo para 2021 é construir uma coligação global para alcançar um saldo zero na emissão de dióxido de carbono (CO2)”, afirmou o ex-primeiro-ministro português, que no passado dia 11 de janeiro confirmou estar disponível para um segundo mandato de cinco anos como secretário-geral das Nações Unidas, para o período de 2022-2026.

Para atingir o objetivo de uma “recuperação sustentável”, António Guterres apelou ao envolvimento de todos (governos nacionais e locais, empresas e sociedade civil), sublinhando a necessidade de introduzir “uma mudança drástica” nas políticas, entre as quais destacou o fim dos subsídios aos combustíveis fósseis, em especial, ao carvão.

A pandemia da doença Covid-19 já provocou pelo menos 2.129.368 mortos resultantes de mais de 99,1 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.