O Governo chileno anunciou esta quarta-feira que, juntamente com a Argentina, vai lançar, nas próximas semanas, uma “estratégia comum” de diálogo por uma “saída política” para a situação da Venezuela que contará com a participação da comunidade internacional.

“Daqui a algumas semanas, será formada uma frente comum na qual as diferentes correntes que têm preocupação com o processo de transição na Venezuela convirjam numa estratégia comum que terá como um dos elementos fundamentais a necessidade de uma saída política”, anunciou o ministro das Relações Exteriores do Chile, Andrés Allamand, em declarações à radio chilena Duna.

O chanceler chileno sublinhou que a proposta incluirá o diálogo entre as partes do conflito e a participação da comunidade internacional.

“Para que exista uma saída política é necessário um diálogo político entre as partes do conflito, com a assistência e a observação da comunidade internacional. E que, a partir desse diálogo, possam surgir os caminhos de solução para a difícil situação venezuelana”, explicou.

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As declarações acontecem quando o Presidente argentino está no segundo dia de uma visita de Estado de dois dias ao Chile.

O chefe da diplomacia chilena confirmou que a situação política da Venezuela foi abordada no encontro entre os presidentes do Chile, Sebastián Piñera, e da Argentina, Alberto Fernández.

“Com a Argentina, temos trabalhado numa nova aproximação à situação venezuelana. Argentina e Chile, cada um a partir da sua posição, têm conversado ativamente sobre isso”, revelou Allamand.

O diálogo que Chile e Argentina propõem já nasce a partir de visões contrapostas sobre a situação venezuelana.

O Chile integra o chamado Grupo de Lima que reconhece Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela, e que vê o regime de Nicolás Maduro como uma ditadura. Já a Argentina, com a mudança de governo há 13 meses, continuou no grupo apenas para se contrapor aos que não reconhecem Nicolás Maduro como Presidente.

A ala mais importante do Governo argentino, liderada pela vice-Presidente, Cristina Kirchner, é também a mais radical a favor do regime de Nicolás Maduro. Nos fóruns internacionais, essa posição argentina tem causado atrito com os países vizinhos, contrários a Maduro.

“(Chile e Argentina) têm diferenças políticas e não representam exatamente o mesmo, é verdade”, admitiu o ministro chileno, Andrés Allamand.

O Grupo de Lima surgiu em agosto de 2017 para abordar a crise venezuelana como resposta à impossibilidade de aprovar resoluções contra a Venezuela na Organização dos Estados Americanos, devido ao bloqueio dos países das Caraíbas, beneficiados pelo petróleo venezuelano.

Na América Latina, Argentina, México, Nicarágua, Cuba e Bolívia são aliados da Venezuela por ação ou por omissão.