A EDP Distribuição a empresa do grupo EDP que gere as redes de alta, média e baixa tensão, passa a ser a E-Redes a partir desta sexta-feira. A mudança de marca e imagem é um imperativo colocado pelo regulador, em nome da promoção da concorrência, cuja conta fica a cargo da empresa: cerca de dois milhões de euros.

O presidente da empresa, João Torres, admitiu que estas mudança pode facilitar a ocorrência de burlas, se o reconhecimento da marca não for suficiente. Com cerca de cinco milhões de interações anuais, a E-Redes é também a empresa que instala e gere os contadores junto dos consumidores. No entanto, a leitura dos consumos e a faturação cabe às comercializadoras.

João Torres sublinha que a empresa tem feito campanhas intensas para passar a ideia de que a E-Redes nunca faz cobranças, alertando os consumidores para pedir a identificação dos técnicos que apareçam à porta com esses pedidos. A antecessora EDP Distribuição era já “uma marca de grande confiança” e há a preocupação de que com o aparecimento de mais uma marca alguém se possa aproveitar deste momento. “Vamos manter um esforço muito grande para mitigar riscos associados às burlas”, assinalou o presidente da E-Redes numa conferência de imprensa para apresentar a nova marca.

Nova marca E-Redes é imposição do regulador e é lançada no final desta semana

A E-Redes tem já instalados 3,2 milhões de contadores de medição inteligentes e espera terminar este processo até 2024. No final deste processo os novos contadores vão permitir aferir consumos em curtos intervalos de tempo, para além de executar ordens retomadas como ligar, desligar e leituras.

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É um investimento suportado pela empresa do grupo EDP — atualmente cada contador custa 25 euros — tal como é a mudança de marca, ainda que existam incentivos na remuneração dos ativos para acelerar essa transição para as redes inteligentes. Questionado sobre as recomendações da ERSE (Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos) para travar os investimentos nas redes elétricas, João Torres diz que a empresa está a rever o plano em linha, mas que não deixará de alertar para os impactos que o adiamento de alguns investimentos terá na qualidade do serviço.

“Esta opção pode levar a riscos se cortarmos no investimento nas redes” E essa é uma preocupação por toda a Europa, desvalorizando ainda o peso destes ativos no preço final da eletricidade que em 10 anos baixou de 26% para 17%. Questionado sobre o impacto do corte nos investimentos propostos pela ERSE, João Torres admite que não está em causa a segurança de abastecimento, mas avisa que os ativos da rede portuguesa foram instalado há várias décadas e têm de ser renovados. “Um risco associado é a degradação da qualidade” do serviço. “Não há risco na segurança do abastecimento, mas há fragilidades na rede que se podem antecipar”.

A empresa queria investir cerca de mil milhões de euros até 2025, mas o regulador considerou que este plano era excessivo devido ao impacto que teria nos preços finais, aconselhando um corte de mais de cem milhões de euros.

Com a concessão da rede de baixa tensão de 278 municípios, a E-Redes quer-se manter como concessionária no quadro do concurso para a baixa tensão anunciado pelo Governo anterior socialista e cujo lançamento tem vindo a ser adiado. João Torres garante que a empresa está preparada para este concurso, mas vai sinalizando que a concorrência virá de países onde as respetivas redes de distribuição não são atribuídas em concurso, como Espanha, França ou Itália. “É uma particularidade nossa (Portugal), mas estou convencido que conseguiremos bater a concorrência desde que se faça uma boa avaliação” dos candidatos.