“Esse assunto já faz parte do anedotário do futebol português. Já ninguém liga a essas notícias. E nem sequer vou fazer qualquer comentário. Faz lembrar aquela situação de um grande jogador que vinha para Portugal, e não veio, e encheram-se páginas de jornais durante 45 dias”, comentava Carlos Carvalhal na antecâmara da final da Taça da Liga, recordando o exemplo de Benfica e Cavani (que acabou por assinar pelo Manchester United) para abordar o interesse do Sporting em Paulinho. Para o técnico bracarense, a hipótese de o avançado sair já em janeiro do clube não existia “a não ser alguém batesse a cláusula”, embora admitisse que o jogador pudesse deixar o Minho no final da temporada. No entanto, e como um dia disse Pimenta Machado, antigo presidente do V. Guimarães durante vários anos, “o que hoje é verdade amanhã pode ser mentira”. E este pode ser mais um desses casos.

O último dia do mercado ficou-se sobretudo pelos empréstimos porque o negócio Paulinho caiu a meio da tarde

Depois da vitória na Taça da Liga, com 19 encontros até ao final da temporada (todos a contar para a Primeira Liga) e nove pontos de vantagem sobre o quarto lugar numa época onde os dois primeiros entram de forma direta na fase de grupos da Champions e o terceiro vai à terceira pré-eliminatória da Liga milionária, o Sporting está disposto a fazer um último esforço para garantir o grande reforço pedido por Rúben Amorim desde o início da época para, sem assumir esse objetivo de lutar pelo título, fazer uma aposta forte na segunda volta do Campeonato. Aliás, recuando à última janela do mercado de transferências, o técnico fez ver à administração da SAD que se não viesse Paulinho preferia partir para 2020/21 com os avançados que tinha (Sporar, Tiago Tomás e o não utilizado Luiz Phellype), como acabou por acontecer sem procurar outras alternativas no mercado para a mesma posição.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A ideia inicial dos leões passou por preparar uma oferta de 12,5 milhões de euros por 70% a 80% do passe do internacional português de 28 anos mais a cedência do defesa colombiano Borja, com os leões a ficarem também com percentagem dos direitos económicos do sul-americano. Para o Sp. Braga, essa proposta será sempre curta. Mas se o valor original aumentar (pelo menos até ao 15 milhões) e se forem introduzidas cláusulas por objetivos, haverá pelo menos um período de negociações por um jogador que já recebeu sondagens de clubes estrangeiros mas por valores mais baixos. No entanto, existem três pontos para chegar a um acordo final que poderia fazer de Paulinho a contratação mais cara de sempre do clube verde e branco, superando os dez milhões mais dois por objetivos pagos por Bas Dost na temporada de 2016/17, quando substituiu Slimani nos leões.

Paulinho renova com o Sporting de Braga até 2025

O primeiro passa, naturalmente, pelo acordo de valores, num processo que tem estado a ser negociado sem a presença direta dos dois presidentes, Frederico Varandas e António Salvador, que mantêm as relações tensas como se viu pelo que aconteceu durante e depois da final da Taça da Liga, em Leiria, embora estejam sempre ao corrente dos passos que vão existindo. E, nesta fase, ao contrário do que aconteceu no verão, o Sporting pode subir o valor até ao que o Sp. Braga pede, até por haver uma diferença curta entre a proposta de 12,5 milhões e esse aumento.

O segundo, que se trata de uma condição essencial, é a garantia por parte dos responsáveis minhotos que teriam um substituto pronto para ser contratado caso as negociações chegassem a uma base total de entendimento. Sem isso, o negócio nunca será feito neste mercado do inverno. Apesar de existirem alguns nomes ventilados como possibilidades para os minhotos, incluindo mercado nacional, não há qualquer garantia de que venha a existir uma contratação, o que seria algo que impediria qualquer conversação a não ser que o Sporting batesse a cláusula de rescisão de 30 milhões de euros a pronto, um cenário que está colocado completamente de parte.

A terceira, por último, prende-se com a questão salarial de Borja, caso venha mesmo a ser incluído num possível negócio que o leve para Braga. Ou seja, dependendo daquilo que os arsenalistas estarão dispostos a pagar por época ao internacional colombiano, poderá haver necessidade de um acordo entre o Sporting e o defesa, que tem um vínculo por mais três anos e meio com os leões. Contratado em janeiro de 2019 aos mexicanos do Toluca, Borja custou 3,1 milhões de euros por 80% do passe, podendo esse valor subir até aos 3,8 milhões mediante a obtenção de alguns objetivos desportivos, mais 355 mil euros de comissão pela intermediação do negócio.