A revogação das licenças de dois advogados que defenderam 12 ativistas pró-democracia de Hong Kong, incluindo um luso-chinês, é um ato de “repressão política”, defendeu a campanha #save12hkyouths (“salvem os 12 jovens de Hong Kong”).

Num comunicado, o movimento acusou as autoridades chinesas de “retaliação” contra Ren Quanniu e Lu Siwei, que ao longo dos últimos anos participaram em casos de direitos humanos na China continental.

A decisão é ainda “uma tentativa de intimidar os advogados chineses para que não intervenham em mais casos relacionados com Hong Kong”, considerou a campanha.

“Se no futuro as autoridades chinesas enviarem cidadãos de Hong Kong para a China continental, será difícil encontrar representantes legais independentes”, lamentou o movimento.

China quer retirar licença a advogados de ativistas de Hong Kong

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Ren Quanniu recebeu um ofício do Departamento de Justiça de Henan, uma província na China central, a revogar o seu direito a exercer a profissão de advogado, avançou na terça-feira a agência France-Presse.

Em janeiro, Lu Siwei tinha também visto a sua licença de advocacia revogada pelo Departamento Provincial de Justiça de Sichuan, província do sudoeste da China.

Os dois advogados aceitaram representar os 12 manifestantes a pedido dos familiares, uma nomeação recusada pelas autoridades judiciais de Shenzhen, cidade chinesa adjacente a Hong Kong.

Oito dos 12 jovens, entre os quais o luso-chinês Tsz Lun Kok, foram considerados culpados de “travessia ilegal” das águas da China continental e condenados a sete meses de prisão em 30 de dezembro.

Ministério Público chinês acusa formalmente 12 manifestantes de Hong Kong. Um deles é luso-chinês

Dois dos ativistas foram também considerados culpados de organizar a passagem ilegal da fronteira e condenados a penas entre dois e três anos de prisão. Os restantes dois jovens foram devolvidos a Hong Kong, por serem menores de idade.

Um elemento da campanha #save12hkyouths disse à Lusa que a mãe de Tsz Lun Kok deslocou-se à prisão em Shenzhen em 25 de janeiro para visitar o ativista, que aparentava estar de boa saúde.

Os detidos, a maioria ligados aos protestos antigovernamentais do ano passado, em Hong Kong, tinham iniciado a viagem com destino a Taiwan, onde se pensa que procuravam asilo, quando a lancha em que seguiam foi intercetada, em 23 de agosto, pela guarda costeira chinesa.

O jovem tinha já sido detido em 18 de novembro de 2019 em Hong Kong, e mais tarde libertado, durante o cerco da polícia à Universidade Politécnica daquele território, sendo acusado de motim, por ter alegadamente participado numa manobra para desviar as atenções das forças de segurança com o objetivo de permitir a fuga de estudantes refugiados no interior.