O mês de abril é aquele que, nesta altura, o Governo aponta como o do fim das restrições que estão em vigor, de forma mais ou menos contínua, desde novembro e de um país em confinamento geral desde 22 de janeiro, apurou o Observador. O primeiro-ministro está já a recolher informação dos parceiros e especialistas para começar a traçar um plano para o pós-desconfinamento.

Esta terça-feira, na reunião no Infarmed, António Costa deu sinal de estar já a preparar essa fase ao pedir aos parceiros sociais, por exemplo, que estudem as possibilidades que existem em cima da mesa para o pós-desconfinamento, que aponta para abril. No final da reunião, o primeiro-ministro pediu que reflitam sobre se preferem uma gestão da situação da pandemia “localizada e gradual”, como aquela que aconteceu em setembro e em dezembro, ou confinamentos gerais de 15 dias, mas intermitentes e ditados pela situação do país a cada momento, nomeadamente pelo cumprimento de eventuais linhas vermelhas.

A indicação de estender as atuais medidas no tempo já tinha sido dada pela ministra da Saúde, depois da reunião de especialistas desta terça-feira onde Baltazar Nunes, do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, avisou que as atuais medidas, incluindo as escolas encerradas, têm de manter-se “por um período de dois meses para trazer o número de camas ocupadas em cuidados intensivos abaixo das 200 e a incidência acumuladas a 14 dias abaixo dos 60 casos por 100 mil habitantes”. Isto a contar da data em que começou o confinamento geral, a 15 de janeiro.

Uma recomendação que aponta para o final de março, sendo certo que pesará na gestão política desse calendário o facto de a Páscoa acontecer no primeiro fim-de-semana de abril (2, 3 e 4 de abril) — é só para depois desse período que o Governo aponta o desconfinamento. Recorde-se que há um ano, as medidas apertaram no fim de semana da Páscoa, com ao Governo a recorrer pela primeira vez à restrição de circulação entre concelhos nessa altura. Marta Temido saiu do encontro de peritos a considerar “bastante evidente que o atual confinamento tem de ser prolongado por mais tempo, desde já durante o mês de fevereiro, e depois sujeito a uma avaliação, mas provavelmente por um período que os peritos estimaram em 60 dias a contar do seu início”.

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Depois da ministra também o primeiro-ministro escreveu na sua conta oficial do Twitter que “os que os elevados níveis da pandemia requerem o prolongamento do atual nível de confinamento”. E também que “é necessário continuar a investir na testagem massiva e na capacidade de rastreamento” — tal como apontou o epidemiologista Manuel Carmo Gomes numa intervenção muito crítica que Costa acabou por aproveitar para desafiar os especialistas a consolidarem um “consenso” sobre quais os indicadores que devem transformar-se em “linhas vermelhas” na definição de novos confinamentos. Uma alteração de estratégia que António Costa admitiu fazer, desde que com um consenso entre os peritos. A próxima reunião no Infarmed deve acontecer dentro de 15 dias, para preparar a fase seguinte ao estado de emergência, ou seja, o período a partir do início de março.

Especialista crítico do Governo sai do grupo de peritos e Costa pede consenso sobre nova estratégia