O casal japonês Kataoka, cuja viagem à volta do mundo em lua-de-mel foi interrompida pela pandemia de Covid-19, há um ano, em Cabo Verde, foi recebido pelo primeiro-ministro cabo-verdiano, que elogiou a inspiração que representam.

A relação do casal com Cabo Verde começou em fevereiro de 2020, quando ficaram retidos devido às restrições impostas pela pandemia, interrompendo uma viagem de lua-de-mel que reservava apenas alguns dias de passagem pela ilha do Sal, antes de seguirem para o continente africano. Só que os dias passaram a semanas e meses e o casal começou a trabalhar a partir do Sal, ao mesmo tempo que divulgava nas redes sociais vídeos e imagens do dia-a-dia no “paraíso”, sobretudo para o Japão, ficavam também célebres em Cabo Verde.

“Este casal japonês que ficou retido no país, por causa dos efeitos da pandemia, fez de uma situação difícil, momentos de agradáveis experiências e Cabo Verde é o palco principal“, destacou o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, descrevendo a conversa que teve com ambos, esta manhã, no palácio do governo, na Praia, como “inspiradora”.

A aventura de Rikiya Kataoka e da mulher, Ayumi, começou em 2019, depois do casamento, em abril, e após pouparem durante meses para uma viagem de lua-de-mel de volta ao mundo que durante um ano teria passagem por cerca de 25 países.

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Depois de percorrerem oito países, chegaram à ilha cabo-verdiana do Sal em 26 de fevereiro de 2020. Ao fim de duas semanas viram o país encerrar as ligações aéreas internacionais, para travar a progressão da pandemia, e ficaram literalmente isolados naquela ilha cabo-verdiana, quando a volta ao mundo ia a um terço.

Pesadelo por estar aqui fechado? Nem pensar! Está a ser a melhor experiência que podia ter para a lua-de-mel. Já estive em mais de 100 países e o oceano aqui em Cabo Verde é único, uma beleza”, contou no ano passado à agência Lusa Rikiya, profissional de vídeo, que juntamente com a mulher, Ayumi, empregada de balcão, fizeram da pequena ilha do Sal a nova casa.

“Além do oceano, o que mais me fascinou em Cabo Verde foi a beleza, a simplicidade das pessoas e a segurança. Fizemos imensos amigos e até vou jogar à bola com eles”, explicou. A milhares de quilómetros de casa, Rikiya foi assegurando em Cabo Verde trabalhos de edição de vídeo e fotografia para clientes no Japão, permanecendo no arquipélago, que continua condicionado nas ligações aéreas internacionais. Além de voluntariado local, o casal tem produzido conteúdos multimédia para as redes sociais de restaurantes e hotéis do Sal e conseguiram visitar outras seis ilhas.

Em plena aventura de uma vida, não escondeu a “total surpresa” que representou a experiência: “Só boas pessoas, nem as pessoas que são mais pobres nos pedem dinheiro. Às vezes são eles que nos dão coisas”, admitiu. Uma aventura partilhada pelo casal nas redes sociais, com vídeos e fotos sobre as ilhas de Cabo Verde visualizados milhares de vezes, que já em 2020 não passou despercebida em Cabo Verde.

O Comité Olímpico cabo-verdiano, a pensar nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021 (adiados de 2020 devido à pandemia), decidiu convidar ambos para serem embaixadores olímpicos do país. No Japão, vão levantar a bandeira de Cabo Verde, país que nunca conquistou uma medalha olímpica.

Foi uma total surpresa. Senti-me honrado. Já temos publicado nas redes sociais, no Japão, como é Cabo Verde e como são os cabo-verdianos e todos dizem que querem vir visitar estas ilhas”, descreveu anteriormente à Lusa Rikiya.