Testes à Covid-19 a cada 14 dias em escolas, prisões, fábricas ou na construção civil, nos concelhos com mais casos, e rapidez de rastreio de contactos são algumas das normas em vigor a partir desta segunda-feira.

Perante as novas regras os médicos de família mostram alguma apreensão, sobretudo porque ainda não se sabe quais os profissionais que vão ter de fazer testagens regulares nestes locais. “Se esta tarefa for atribuída aos profissionais dos centros de saúde a capacidade será muito reduzida“, apontou o presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), em declarações ao Diário de Notícias.

“Os recursos humanos dos centros de saúde são os mesmos e o nosso tempo é finito. Não conseguimos dar resposta a tudo em simultâneo”, argumentou.

Nuno Jacinto refere ainda que os médicos de família já estão no rastreio à Covid-19, através do acompanhamento dos doentes infetados que não estão internados, bem como no rastreio dos contactos de vigilância e nas equipas de vacinação e, se ainda vão ser recrutados para os testes regulares, vão ficar “sem capacidade para mais nada”.

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“Se tivermos mais esta tarefa faremos menos tarefas não Covid. Portanto, aguardamos algumas explicações para se perceber como vai ser feita essa testagem regular”, acrescentou.

Ouvido também esta manhã pela Rádio Observador, o presidente da APMGF mostrou-se preocupado com o aumento do trabalho e da carga burocrática, alertando que os médicos de família não têm capacidade para serem eles a ir às instituições fazer os testes.

Apesar da norma entrar em vigor já esta segunda-feira, o processo parece ser ainda uma incógnita, com os profissionais de saúde a aguardarem que a Direção Geral da Saúde diga quem vai fazer os testes.

“É preciso que as próprias instituições percebam como vão aplicar a norma. É preciso sobretudo que as unidades de saúde pública, os agrupamentos de centro de saúde, as ARS definam o que é que vai ser feito, qual a periodicidade desta testagem, para depois nos transmitirem as instruções e nos dizerem o que é que se espera efetivamente das unidades dos cuidados primários”, evidenciou.

Nuno Jacinto disse também que as novas regras  trazem consequências para o atendimento de utentes não Covid. “Todos os outros doentes não desapareceram”, avisou.

Novas regras para testagem rápida. Médicos de família avisam que não têm capacidade para dar resposta

A Estratégia Nacional de Testes para a SARS-CoV-2, atualizada agora e tendo como objetivo combater a pandemia de Covid-19, indica a realização dos testes de duas em duas semanas nos concelhos que tenham mais de 480 casos por 100 mil habitantes.

A atualização da estratégia da Direção-Geral da Saúde (DGS) indica que nesses concelhos serão feitos testes rápidos de antigénio em locais que agrupem muitas pessoas, que se mantêm mesmo que não sejam encontrados casos de infeção pelo novo coronavírus, que provoca a doença Covid-19.

Segundo a DGS, a estratégia que entra em vigor, que atualiza a publicada a 20 de outubro, deve ser adaptável à situação epidemiológica a nível regional e local, e alarga a testagem a todos os contactos quando se verifica uma infeção, sendo disponibilizados testes nas Unidades dos Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) e nas Unidades Locais de Saúde (ULS).

A DGS diz também que a partir desta segunda-feira os procedimentos de inquérito epidemiológico e o rastreio de contactos devem ser iniciados nas 24 horas seguintes ao conhecimento da existência do caso de Covid-19, de acordo com a norma sobre “Rastreio de contactos”.

No caso de não ser possível, por haver muita pressão, a autoridade de saúde deve dar prioridade no inquérito e no rastreio aos contactos de casos confirmados de profissionais de saúde e de profissionais que trabalhem com populações vulneráveis, como trabalhadores de lares ou de prisões.

A pandemia de Covid-19 já provocou mais de dois milhões de mortes no mundo, resultantes de mais de 100 milhões de casos de infeção. Só em Portugal já morreram mais de 15 mil pessoas e o número de infeções confirmadas é de quase 790.000.