O Tribunal de Santarém tinha previsto ouvir esta segunda-feira o homem que denunciou ao Ministério Público que estava a ser preparado um assalto a umas instalações militares do país, sem precisar que seriam os Paióis Nacionais de Tancos, mas não conseguiu notificá-lo. Paulo Lemos, conhecido por “Fechaduras” por causa da sua habilidade parar abrir portas, chegou a ser arguido no processo, mas não foi pronunciado, como foram os 23 arguidos — entre eles o ex-ministro da Defesa — que estão agora a ser julgados.

Paulo Lemos terá sido abordado pelo mentor do assalto, João Paulino, para participar no crime, mas depois ter-se-á arrependido. Segundo contou a uma procuradora do Ministério Público a quem revelou o plano do crime, três meses antes de se concretizar, “Fechaduras” prometera à mãe afastar-se dos crimes que lhe preenchiam o registo criminal. A defesa dos restantes arguidos, no entanto, tem tentado demonstrar ao longo do processo que “Fechaduras” só não foi acusado por ser um alegado informador da Polícia Judiciária civil.

Esta segunda-feira, no arranque da sessão, o juiz Nelson Barra anunciou que o tribunal não tinha conseguido notificar a testemunha (que já teve várias moradas em território nacional) e que iria reagendar o seu testemunho para o próximo dia 13 de abril, apurou o Observador junto de fonte judicial.

Tancos. De arguido a arrependido Paulo Lemos recusa ter sido informador da PJ

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Na última quinta-feira foi a vez do inspetor Chantre prestar declarações. Foi a este inspetor da PJ de Vila Real que a magistrada passou a informação de Paulo Lemos. O inspetor ainda chegou a ir ter com ele ao Algarve para obter mais informações sobre o possível crime, mas garantiu não ter sabido de antemão que o assalto iria ocorrer em Tancos.

O julgamento do caso Tancos, que foi suspenso a 14 de janeiro depois de um advogado ter testado positivo, foi retomado a 22 de fevereiro, mas num sítio diferente. Os 23 arguidos, entre eles o ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes, que até aqui estavam a ser julgados numa sala no piso superior do Tribunal de Santarém, estão agora a ser julgados no Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas de Santarém, numa sala de 638 m2.

Contradições, a “imaginação da PJ” e um ex-ministro da Defesa no banco dos réus. O dia em que o assalto a Tancos chegou a tribunal