Jakob Ingebrigtsen tinha ganho na véspera a medalha de ouro dos 1.500 metros nos Europeus de Pista Coberta, fez uma qualificação dos 3.000 metros sempre a controlar e a olhar para trás para gastar o mínimo de energias, não perdoou na final e voltou a ficar no primeiro lugar. O atleta de 20 anos nascido em Sandnes é o mais novo de uma família dominada pelo atletismo, com os irmãos e também meio fundistas Henrik e Filip além do pai Gjert, técnico dos três. Sendo uma modalidade individual, a Noruega tem em Jakob um expoente para a próxima década e meia. Assim como tem Magnus Carlsen no xadrez. Assim como tem Henrik Christiansen na natação. Assim como tem Anders Mol e Christian Sorum. Assim como tem Casper Ruud no ténis (embora não se aponte um futuro a envolver vitórias em Grand Slams por exemplo). Depois há Erling Haaland, um fenómeno à parte.

Três recordes, dois golos, uma assistência: Haaland voltou a não ser humano em Sevilha (e Florentino Pérez já prepara o cheque)

Confiança não falta ao avançado de 20 anos. Números também não: em Sevilha fez dois golos e uma assistência na vitória por 3-2 na Liga dos Campeões, aumentando o total na prova para 18 golos e duas assistências (único com menos de 21 anos a fazer esse registo a par de Kylian Mbappé) e tornando-se o primeiro jogadores na competição a marcar dez golos apenas em sete jogos na estreia por uma equipa, neste caso o B. Dortmund. No último fim de semana, apesar da reviravolta carimbada pelo Bayern nos últimos minutos de jogo com hat-trick de Lewandowski, foi o primeiro a bisar no clássico nos dez minutos iniciais e chegou aos 100 golos oficiais entre Molde, Salzburgo, B. Dortmund e Noruega, com menos jogos do que Ronaldo, Messi, Ibrahimovic ou Mbappé. Mas a influência do dianteiro não se resume apenas ao que faz em campo, como contava este sábado o El Mundo.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Haaland continua a impressionar e a bater registos mas também “lewa” lições (e o Bayern conseguiu reviravolta frente ao B. Dortmund)

A par da guerra comercial que iniciou entre Puma e Nike para serem o seu patrocinador oficial, Haaland, com um valor de mercado de 110 milhões de euros pelas publicações especializadas, fez com a Evonik começasse a ter outro tipo de ação em termos internos aproveitando o hype à volta do avançado e potenciando uma das suas marcas filiais, a Medax, dedicada aos suplementos alimentares e com origem na Noruega onde o internacional é um ídolo e uma máquina em termos de marketing. Não ficou por aí: também por força do potencial mediático do jogador, o B. Dortmund tem assinado novos contratos de patrocínio, como aconteceu com a 1&1. Os escandinavos foram o país com mais medalhas nos últimos Jogos Olímpicos de Inverno (39 em 2018) e têm uma nova geração a destacar-se em várias modalidades. Haaland, aquele que está no desporto onde a Noruega tem menos expressão ainda (não vai a um Mundial desde 1998 e a um Europeu desde 2000, ao contrário da equipa feminina que já foi campeã olímpica, mundial e europeia), é o que tem mais holofotes. E com tendência para aumentarem.

Quando trocou a meio da última época o Salzburgo pelo B. Dortmund, Haaland procura um salto qualitativo que não fosse ainda para o patamar mais alto do futebol. Gostou da abordagem do clube, identificou-se com a filosofia dos germânicos, assinou. Agora, a mudança para melhor é inevitável. Mas o avançado também sabia a importância de uma campanha que levasse a equipa às oito melhores da Europa, até por forma a equilibrar com a campanha menos conseguida na Bundesliga. Para não variar, voltou a fazer história. Mais história.

Apesar da boa entrada em campo do Sevilha, com vários remates e oportunidades junto da baliza dos alemães, foi o B. Dortmund a inaugurar o marcador ainda na primeira parte, na sequência de um recuperação de bola em zonas adiantadas antes da assistência de Marco Reus para Haaland encostar de pé esquerdo – e celebrar levantando o companheiro de equipa como se estivesse a fazer pesos no ginásio (34′). No início do segundo tempo, 2-0 para os germânicos e mais um golo de Haaland, com polémica à mistura: marcou, o lance foi revisto, nasceu daí um penálti, Bono conseguiu defender e disse algo ao avançado, o castigo máximo foi repetido por ter saído antes de tempo da linha, o norueguês não perdoou e depois de ter dito também algo ao guarda-redes viu vários jogadores dos espanhóis a correr atrás de si (com Acuña à cabeça) mas acabou a fazer as “pazes” com Bono. Youssef En-Nesyri reduziu de penálti (68′), bisou nos descontos (90+6′) mas a eliminatória estava decidida.

O B. Dortmund regressa aos quartos da Champions e Haaland, de 20 anos, tornou-se o mais novo e mais rápido de sempre a chegar aos 20 golos, apenas em 14 jogos contra os 40 de Messi e os 56 de Ronaldo. Em paralelo, e só esta época, o avançado norueguês marcou em todos os seis jogos e leva dez golos, numa média de um golo por cada 54 minutos disputados. E o percurso do nórdico, no futebol e na Champions, ainda agora começou.