Depois de a Volvo ter anunciado que todos os seus modelos eléctricos serão vendidos exclusivamente online, os concessionários da marca ficaram à beira de um ataque de nervos. A confissão deste estado de amargura foi feita pelo responsável máximo pela rede de distribuição do construtor sueco, Ernie Norcross, em declarações à Auto News. Embora a informação avançada a este órgão de informação diga apenas respeito ao mercado norte-americano, não é difícil concluir que nos restantes mercados, a começar pelo europeu, a situação deverá repetir-se, uma vez que a relação entre o fabricante e a rede de distribuição é similar na maioria dos aspectos.

A polémica foi causada pelo anúncio do CEO da Volvo, durante a revelação mundial do crossover C40 Recharge, o segundo modelo eléctrico do construtor após o XC40 Recharge. Hakan Samuelsson aproveitou a ocasião para informar que, a partir daquela data, a venda de todos os modelos 100% eléctricos passaria a ser efectuada exclusivamente online. Isto coloca a rede de concessionários fora do circuito das negociações de preços e condições, restando saber se também ficarão de fora das comissões que tradicionalmente recebem de todos os veículos que vendem. E, pela reacção dos concessionários nos EUA, será aqui que residem os motivos de preocupação.

Volvo vai vender os eléctricos apenas online

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De acordo com Ernie Norcross, “os concessionários querem controlar a experiência com o consumidor do início ao fim, temendo que, se não estiverem presentes durante a fase de compra, ficarão limitados à fase de entrega e de assistência”. A estas dúvidas tentou responder o CEO da Volvo USA, Anders Gustafsson, insistindo que as concessões continuarão a vender os veículos e a cimentar a relação com os clientes.

Há muitos construtores que olham para a Tesla e para o seu sistema de venda de veículos exclusivamente online e sem possuir uma rede de concessionários a suportá-la (os poucos locais de exposição e assistência são próprios), não por estarem convencidos que a qualidade do serviço melhora, mas sim porque incrementa as margens de lucro, com o desaparecimento das concessões. Mas caminhar nesta direcção pode ser complicado e doloroso para as empresas independentes que representam os interesses dos fabricantes. No caso da Volvo, que agora informou que os seus dois veículos eléctricos não seriam vendidos pela rede, a situação é ainda mais complexa uma vez que os suecos, durante a mesma apresentação, revelaram que em 2025 os eléctricos deverão representar 50% das vendas, para este valor atingir 100% cinco anos depois, em 2030.