O Chega é “estruturalmente contra os deputados não-inscritos” e “nunca aceitará deputados não-inscritos, nem no Parlamento nacional, nem regional, nem em nenhum ponto do país”. À margem da apresentação de Nuno Graciano como candidato a Lisboa, o líder do partido falou sobre a situação de desentendimento nos Açores e, questionado sobre a possibilidade de algum deputado deixar o partido após a disputa interna, André Ventura acredita que vai conseguir impedir internamente esse desfecho e avisa que o derrotado deve respeitar as opções do vencedor e continuar a defender as cores do Chega.

“Se algum deles decidir cortar com o partido e ficar independente não posso fazer nada, posso dizer só que o partido agirá muito duramente em conformidade porque temos dever de respeito pelos militantes”, assegurou o presidente do Chega, ao lembrar que nenhum deputado foi eleito em nome próprio, mas sim em nome do partido. “É esse partido que temos de respeitar e tenho a certeza os protagonistas dos Açores o farão”, realça.

No mesmo sentido, Ventura disse até que o candidato que perder tem de saber que o outro “comandará o barco”. O derrotado terá de aceitar que perdeu e que as orientações políticas serão feitas por outro candidato na orientação do trabalho parlamentar, na orientação do trabalho político e de campanha”, deixou claro. Se assim for, o deputado que perder as eleições internas não perde o lugar “se aceitar trabalhar com o outro, em que o outro é líder”.

O líder do partido usou o seu próprio nome para dar o exemplo. Quando e se André Ventura perder umas eleições internas do partido renunciará ao mandato de deputado na Assembleia da República. “Quem perde, se entende que já não representa a linha política que o elegeu, deve renunciar”, explicou, ao referir que é uma “boa prática” que deve ser seguida por todos os deputados do partido.

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Sobre o desentendimento entre José Pacheco e Carlos Furtado, André Ventura revelou que “foi reconhecido pelos próprios deputados regionais do Chega que há uma situação de divergência” e, como tal, “o cenário eleitoral é o melhor que pode clarificar o que se passa”.

Apesar disso, o líder nacional garantiu que “não está em causa o suporte do Governo regional”, mas sim uma “linha política de conduta do Chega nos Açores que pode ir num sentido ou noutro”. Até porque, não é uma “mudança de 180 graus” e “o Chega tem responsabilidades muito importantes nos Açores”, recordou. Apesar das preocupações com a situação da região, Ventura ainda deixou um recado ao PSD: “Os açorianos esperam soluções, mas também que o Chega não se cale ao PSD e ao que tem acontecido no PSD. Apoiamos o Governo mas se aumenta o número de familiares, o RSI, a insegurança, não podem pedir ao Chega que continue a apoiar solução que é estruturalmente contra aquilo em que acredita”.

Ventura apresenta proposta para colocar RSI, minorias e prisão perpétua nos estatutos do Chega