O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou esta quarta-feira continuar “profundamente preocupado” com as informações sobre a “presença persistente de elementos estrangeiros” em redor de Sirte e no centro da Líbia.

Guterres manifestou essa preocupação num relatório enviado ao Conselho de Segurança, que deverá analisar ainda esta quarta-feira o documento, em que se admite que, apesar de alguns desses elementos terem já abandonado o país, o total é “ainda insuficiente“.

No relatório é referido que algumas forças estrangeiras partiram a 28 de fevereiro do centro e do oeste de Sirte em direção a Wadi Harawa, 50 quilómetros a leste, para ajudar a proteger a cidade e permitir a reabertura do aeroporto de Al-Ghardabiya.  “[Mas] não houve relatos de redução das forças estrangeiras ou de atividades no centro da Líbia”, lamenta António Guterres no relatório. Em dezembro de 2020, a ONU estimou em 20.000 o número de soldados e mercenários estrangeiros ativos na Líbia.

Reitero o meu apelo a todos os atores nacionais, regionais e internacionais para respeitarem as disposições do acordo de cessar-fogo, a fim de se assegurar a respetiva aplicação sem demoras. E isso inclui o respeito total e incondicional do embargo das Nações Unidas à venda de armas”, incitou o secretário-geral da ONU.

Vários relatórios das Nações Unidas têm sublinhado a presença na Líbia de, entre outros, mercenários russos, chadianos, sudaneses e sírios, bem como de unidades militares turcas. No relatório, Guterres pormenoriza a sua proposta para a implantação gradual de uma missão de observação do cessar-fogo e da saída de mercenários e tropas estrangeiras. No entanto, não especifica o número de observadores previstos, que serão civis desarmados, de acordo com as partes líbias.

Numa primeira fase, o mecanismo de observação, integrado na Missão de Apoio das Nações Unidas na Líbia (MANUL), estaria focado na estrada costeira, estendendo-se, depois, a um triângulo entre Abu Grain, Bin Jawad e Sawknah, antes de uma possível terceira etapa, alargando a operação a outras regiões.

Segundo diplomatas citados pela agencias France-Presse que pediram anonimato, o Conselho de Segurança aguarda por uma resolução que está a ser preparada pelo Reino Unido para especificar o mandato desse mecanismo de observação e dar “luz verde” para a sua ativação formal.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR