“Crédito rápido”, “empresto dinheiro”, “oferta de crédito fácil entre particulares”. Seja no Facebook, Whatsapp, Messenger ou e-mail, estes são alguns dos títulos que têm aparecido recorrentemente em mensagens que prometem dinheiro fácil e barato, mas que não passam de burlas.

O aviso é feito pelo Banco de Portugal (BdP), que deixou no seu site notas onde explica o procedimento habitual nestes casos, assim como conselhos para que os utilizadores não caiam no “engodo”. Segundo a descrição do regulador da banca portuguesa, estes contactos têm-se multiplicado — “são centenas a circular online” — via redes sociais e e-mail, prometendo “resposta em poucas horas” e concessão de créditos, “sem precisar de bancos” e com direito a “sigilo”.

“Normalmente, estas entidades afirmam conceder empréstimos, rapidamente, sem formalidades complexas, sem a prestação de garantias, com discrição e a todas as pessoas, mesmo àquelas que não conseguem obter crédito junto do sistema financeiro”, avisa o BdP, numa das notas publicadas no seu site. Os anúncios são feitos para atrair pessoas que precisem de “liquidez”.

O nível de sofisticação do engano chega a ser elevado, garante o regulador, alertando para o uso indevido de marcas de entidades autorizadas ou até de figuras públicas para emprestar credibilidade a estas mensagens e “gerar confiança”.

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O esquema consistirá em, uma vez que a pessoa pede, normalmente através de um formulário e cedendo dados e informações pessoais, para aceder a crédito, estabelecer contacto através de e-mail, Messenger ou Whatsapp, muitas vezes com um número de indicativo estrangeiro. É nestas plataformas que o “infrator” vai então pedindo dinheiro, primeiro a título de “adiantamento” e depois supostamente para pagar comissões ou seguros, entre outras “falsas justificações”.

Segundo o BdP, há ainda casos “frequentes” em que o empréstimo chega a ser feito, mas com “taxas de juro muito elevadas”, atingindo percentagens na ordem dos 300%. “Quando não é paga uma prestação a cobrança é feita de forma coerciva”, alerta o regulador, revelando que existem queixas de lesados que “chegam a perder a casa ou o carro que dão como garantia do empréstimo, normalmente de valor bastante inferior ao bem dado em garantia”.

“Estas propostas de empréstimo configuram esquemas fraudulentos que visam a obtenção de um benefício ilegítimo por entidades não autorizadas a conceder empréstimos, as quais, de uma forma ardilosa, se aproveitam da situação de especial necessidade das pessoas”, resume o BdP.

O alerta para o aproveitamento de pessoas em “especial necessidade” poderá ser particularmente importante em tempos de pandemia e consequente crise económica, assim como de recurso aos créditos (muitos deles à habitação) — sendo que as primeiras moratórias terminam já na quarta-feira.

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Além de ter em atenção os alertas dados pelo BdP, para reconhecer os sinais e perceber quando pode estar perante um esquema fraudulento, o banco remete para a lista (disponível aqui) das entidades autorizadas pelo Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras a conceder crédito. Até porque, recorda uma das notas, uma entidade que não conste dessa lista não estará sujeita a qualquer tipo de supervisão.

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Um último conselho: existem entidades para ajudar e aconselhar quem estiver endividado — o BdP deixa como referência o site da RACE, Rede de Apoio ao Consumidor Endividado.