330 milhões de dólares: é esta a quantia em que orça aquela que será a maior fábrica de scooters eléctricas do mundo. O investimento implanta-se numa área de 202 hectares a sudeste de Bangalore, na Índia, estimando-se que daí saiam anualmente 10 milhões de unidades, o que significa que, a cada dois segundos, há uma nova scooter eléctrica pronta para ir para a estrada num país onde o mercado dos motociclos assume proporções colossais.
A Ola Electric, liderada pelo empresário de 35 anos Bhavish Aggarwal, quer uma fatia desse mercado e pretende entrar no universo das duas rodas a bateria pela porta grande, para depois abri-la ainda mais, alargando o negócio aos automóveis eléctricos, dentro de dois anos. Antes disso, a Ola Electric avança com as obras para não só erguer a maior fábrica de scooters eléctricas do mundo, mas também “a mais avançada e a mais sustentável”. Tudo isto em 12 semanas.
É com base nesses três pilares que Aggarwal tenciona tirar partido do efeito escala e, assim, reduzir os custos de forma a conseguir competir com os rivais a gasolina. Não será fácil pois, embora as duas rodas sejam um meio de transporte muito popular na Índia, a verdade é que os consumidores locais são mais sensíveis à questão do preço do que à qualidade do ar que respiram.
Para chamar a si 15% das vendas mundiais de scooters eléctricas, Aggarwal joga em todos os tabuleiros, colocando em marcha um projecto que prevê ser auto-suficiente, pois a Ola Electric vai controlar todo o processo, do motor às células para os packs de acumuladores, passando pelo software (em que está a trabalhar uma equipa de 1000 pessoas, a maioria engenheiros) e por soluções de carregamento e estações para troca de baterias. E foi com este plano em mente que a companhia adquiriu, no ano passado, a Etergo BV, uma empresa holandesa já com experiência na concepção de scooters eléctricas.
A fábrica, que se encontra em construção como pode ver no vídeo abaixo, implanta-se numa área com 202 hectares, reservando às instalações fabris 174.000 m2 de superfície, dos quais mais de 8000 m2 constituem área verde no interior. A cobertura com painéis fotovoltaicos deverá cobrir 20% das necessidades energéticas, com a Ola a apostar de raiz num projecto industrial com uma pegada negativa em carbono, isto é, elimina mais CO2 do que aquele que emite para a atmosfera.




▲ A sustentabilidade alia-se à produção em larga escala nesta fábrica carbono negativa
O exterior contempla mais 40 hectares de floresta à volta da fábrica. Esta vai dispor de 10 linhas de produção e de 3000 robots com inteligência artificial, para máxima precisão e optimização do fabrico. Ainda assim, está prevista a contratação de 10.000 funcionários para que, a partir de 2022, o complexo atinja as programadas 10 milhões de scooters/ano.
Para já, espera-se que a fábrica comece a laborar ainda este ano, com um arranque da produção na ordem dos 2 milhões de unidades. O colossal projecto inclui não só a capacidade de, em média, produzir uma scooter a cada dois segundos, como também fazer 25.000 motores eléctricos por dia, para o que a companhia integra no complexo industrial parques de fornecedores para assegurar que mais de 90% das peças fica “à mão”, poupando com o efeito proximidade tempo e dinheiro. A propósito, o financiamento da Ola tem origem no SoftBank e no Tiger Global Management, mas conta também com o capital do grupo Hyundai-Kia, que decidiu investir uma quantia não divulgada neste projecto.
“Concebida do zero, para que a Índia se possa sentar à mesa global dos veículos eléctricos”, nas palavras de Bhavish Aggarwal, a scooter indiana surgirá em cinco versões, do mais básico para garantir volume e satisfazer as massas, a modelos mais sofisticados. A base é a que pode ver neste vídeo: