A Alemanha já decidiu: quem tem menos de 60 anos e já tomou a primeira dose da vacina da AstraZeneca contra a Covid-19 deve tomar a segunda dose de uma vacina da Pfizer/BioNTech ou da Moderna. Esta foi a recomendação que a comissão de vacinação alemã transmitiu ao Governo e que os responsáveis pelas pastas da saúde, tanto a nível nacional como regional, já anunciaram.

Na Alemanha, tal como em Portugal, decidiu-se que a vacina da AstraZeneca/Universidade de Oxford não deveria ser administrada a quem tenha menos de 60 anos. A Agência Europeia do Medicamento encontrou uma associação entre a vacinação com esta marca e o surgimento de coágulos sanguíneos com baixo teor de plaquetas em circulação — uma reação adversa muito rara, mas mais comum nos mais jovens.

Ficou por esclarecer qual seria o procedimento a tomar em quem já tinha tomado a vacina britânica antes de essa decisão ter sido imposta, a 30 de março. A resposta chegou após uma reunião governamental: a segunda dose deve ser de outra farmacêutica autorizada no país e só pode ser administrada 12 semanas após a primeira inoculação, tal como a comissão de vacinação tinha sugerido.

Klaus Holetschek, ministro da saúde na Bavária, garantiu que “a solução que foi encontrada vai oferecer um bom nível de proteção“. Apesar de essa ser a convicção de vários especialistas (inclusivamente cá em Portugal, como o Observador já tinha apurado), ainda estão a decorrer os ensaios clínicos que comprovam a segurança e eficácia desta técnica.

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Misturar vacinas diferentes pode ser a solução? Talvez combata as reações adversas e reforce a imunidade. Mas ainda não se sabe

A Universidade de Oxford está neste momento a desenvolver um ensaio clínico para explorar a possibilidade de misturar a vacina da AstraZeneca com outras marcas (com a primeira dose a ser sempre a britânica). O estudo, que até agora se centrava apenas na mistura com uma segunda dose da Pfizer, vai ser alargado para introduzir também as vacinas da Moderna e da Novavax, ambas norte-americanas.

Em Portugal, nem as autoridades de saúde nem o governo explicaram ainda o que vai acontecer a quem tem menos de 60 anos e tomou a primeira dose da vacina antes da limitação imposta na AstraZeneca. Quando a decisão foi anunciada, Graça Freitas, diretora-geral da saúde, argumentou que, “esta vacina tem um intervalo entre doses que é grande”: “Nestes três meses vamos ter informação adicional, quer da firma produtora, quer da Agência Europeia do Medicamento e agiremos em conformidade”.