Nos primeiros três meses deste ano – marcados por fortes medidas de confinamento para conter a subida do número de casos positivos e mortes por Covid-19 devido ao Natal e Ano Novo – a economia portuguesa caiu 7% face ao mesmo trimestre de 2020 (já de si afetado, parcialmente, pelo primeiro confinamento) e 5% em cadeia (face ao último trimestre do ano passado. As mais recentes previsões são do Católica Lisbon Forecasting Lab (NECEP), numa nota divulgada esta quarta-feira.

“Existe bastante incerteza neste cálculo dado que alguns indicadores, como a produção industrial ou as vendas de cimento, sugerem quebras relativamente pequenas, enquanto outros, como as operações na rede Multibanco, as vendas de combustíveis ou o volume de negócios nos serviços, apontam para quebras substantivas. As razões para se perspetivar uma forte quebra em cadeia do PIB, a maior de sempre desde que há dados trimestrais e com a exceção do segundo trimestre do ano passado, são o estado de emergência e o confinamento severo que impediu o regular funcionamento da sociedade”, indica o NECEP.

Para o conjunto do ano, no entanto, as notícias são mais animadoras do que na anterior previsão.  “Para o conjunto do ano de 2021, o cenário central é agora de crescimento em torno de 1%, uma revisão em alta de 3 pontos percentuais face ao ponto central da previsão anterior (-2%). A razão principal para esta revisão é a nova informação do INE sobre as contas nacionais de 2020, com uma contração do PIB inferior ao anteriormente previsto, e ainda por a estimativa da contração do PIB no 1º trimestre estar próxima do limiar superior das simulações anteriores do NECEP”, indica.

Mais. A hipótese de crescimento “mais forte não pode ser excluída à partida”, tendo em conta o que se passou no terceiro trimestre do ano passado, que “ilustra bem a possibilidade de uma recuperação rápida quando se aliviam as medidas de confinamento”. A incerteza das previsões é muito elevada, embora inferior face à enfrentada no segundo trimestre de 2020, o que se reflete num intervalo de previsão menos alargado. Em todo o caso, configuram-se cenários diversificados que vão de uma contração de 2% a um crescimento de 4% este ano.

Do ponto de vista do mercado laboral, o NECEP considera “provável” um aumento da taxa de desemprego para valores entre os 7,2% e 8,0% com um ponto central de 7,6%. Isto para o conjunto do ano. Considerando apenas o período de janeiro a março, “a taxa de desemprego deverá ter subido para 7,3%, “um aumento relativamente contido, em parte devido à velocidade com que o Governo aplicou medidas de apoio à manutenção do emprego a partir de novembro de 2020 e de forma mais intensa desde janeiro do corrente ano”.

No capítulo das contas públicas, há um “risco de forte deterioração”, bem como a necessidade de um orçamento retificativo para 2021.

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