Pela décima noite consecutiva, os ataques na faixa de Gaza continuam. Na madrugada desta quarta-feira, e apesar dos pedidos internacionais para um cessar-fogo urgente, os bombardeamentos do lado israelita prosseguiram, enquanto o lado do Hamas mantinha o lançamentos de rockets contra território israelita. Dos ataques resultaram já seis vítimas mortais.

Apesar de na terça-feira se ter chegado a antever um possível cessar-fogo, depois de nessa madrugada não se terem registado mortos e de ter chegado a haver um período de seis horas sem que qualquer rocket fosse lançado pelo Hamas, na madrugada desta quarta-feira essa ideia voltou a ficar afastada.

Karine Jean-Pierre, uma das responsáveis pela comunicação da Casa Branca, confirmou que Joe Biden falou com Benjamin Netanyahu esta manhã e que lhe transmitiu como esperava um “redução significativa da violência hoje [quarta-feira] no caminho para o cessar-fogo”. “Os dois tiveram uma discussão detalhada sobre o estado dos eventos em Gaza, o progresso de Israel em degradar as capacidades do Hamas e outros elementos terroristas e os esforços diplomáticos em progresso por governos regionais e dos Estados Unidos”, acrescentou.

Mas, numa reação à posição do presidente norte-americano, o governo israelita disse que Benjamin Netanyahu está “determinado a continuar esta operação até que o seu objetivo seja cumprido”. O primeiro-ministro agradeceu “profundamente” o “apoio do presidente americano”, mas insistiu que Israel só vai começar o cessar-fogo quando “devolver a calma e a segurança” aos cidadãos.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Os relatos da Reuters e da Al Jazeera dão conta de ataques israelitas, esta madrugada, que terão atingido “prédios residenciais” e matado pelos menos seis palestinianos (número atualizado pela Lusa) incluindo um jornalista de uma rádio local, a Al-Aqsa, além de ter feito mais três feridos. Será o resultado de uma noite que o Times of Israel conta ter havido um período de 25 minutos em que as forças israelitas lançaram 122 bombas seguidas, com “40 alvos atingidos”.

A Reuters dá ainda conta de outras duas mortes, de dois trabalhadores tailandeses, e sete feridos que terão sido provocados ainda na terça-feira numa quinta israelita logo depois da fronteira da faixa de Gaza, tendo o Hamas e a Jihad Islâmica reivindicado o ataque. Entretanto, nos protestos que decorreram em vários locais da Cisjordânia, as forças israelitas já detiveram 21 manifestantes palestinianos, segundo as contas da Al Jazeera.

Já no início da tarde, quatro rockets foram lançados a partir de Seddiqine, no sul do Líbano, em direção a Israel. É o terceiro ataque desta natureza na última semana. Os israelitas confirmaram o ataque e dizem ter respondido com fogo de artilharia. Os quatro rockets não terão provocado vítimas, tendo caído em áreas despovoadas de Israel.

[As imagens do conflito mais violento em Gaza desde 2014:]

Guterres pede ajuda e fala em “enorme sofrimento humano”

A escalada de violência, que tem levado a sucessivos pedidos de cessar-fogo — incluindo da União Europeia — também provocou um novo apelo do secretário-geral da ONU, António Guterres, a pedir no Twitter à “comunidade internacional” para que assegure “fundos adequados para as operações humanitárias em Gaza”, lamentando o “enorme sofrimento humano” e os “danos profundos em casas e infraestruturas vitais” que já se registam desde o acentuar do conflito, que se arrasta desde dia 10 de maio.

Desde essa altura, e de acordo com autoridades médicas presentes em Gaza, já morreram 217 palestinianos, incluindo 63 crianças, tendo 1400 ficado feridos. Já as autoridades israelitas dão conta de 12 mortos em Israel, incluindo duas crianças, provocados pelos rockets disparados pelo Hamas. Os sucessivos ataques já terão destruído ou causado danos graves a quase 450 edifícios na Faixa de Gaza, incluindo seis hospitais e o único laboratório que fazia testes de Covid-19 em Gaza.

Esta terça-feira foi a vez de o primeiro-ministro português se juntar ao coro de apelos que pedem o fim da violência em Gaza, incluindo a União Europeia e os Estados Unidos. “É necessário que Israel pare imediatamente com estes ataques para se regressar a um ponto em que o caminho para a paz seja possível e não se agrave este caminho para o conflito”, pediu António Costa, à margem da Cimeira para o Financiamento das Economias Africanas, em Paris. No entanto, e pelas notícias que chegam de Gaza sobre os ataques na madrugada desta quarta-feira, a violência parece não dar sinais de parar, pelo décimo dia consecutivo.