André Ventura aproveitou a sua intervenção no congresso do Movimento Europa e Liberdade (MEL) para aumentar a pressão sobre Rui Rio e os sociais-democratas: o PSD tem de arrepiar caminho na oposição e a direita tem de perceber de uma vez por todas que “não haverá Governo à direita sem o Chega“.
A chegada de André Ventura ao auditório onde decorre o certame, no Centro de Congressos de Lisboa, acabou, de resto, por causar um enorme sururu, interrompendo o painel que ainda decorria, perante os protestos de muitos dos presentes. O líder do Chega fez questão de cumprimentar Pedro Passos Coelho, sentando na primeira fila, um gesto que o ex-primeiro-ministro correspondeu, mas sem se levantar e sem perder muito tempo. Passos assistiu a todo o discurso de Ventura mas foi o primeiro a deixar a sala assim que a intervenção terminou.
Voltando a Ventura, o líder do Chega começou por sinalizar que esta reunião das direitas devia ser encarada como uma “esforço de agregação para afastar o PS do Governo” e a “esquerda mais hipócrita da Europa”, a quem não se deve dar “bombons”, mas sim “pancada política“.
Se esse era o propósito de Ventura, a verdade é que o líder do Chega reservou largos minutos a criticar abertamente Rui Rio, que, sugeriu o líder do Chega, “não tem conseguido fazer o seu papel de oposição“. Num discurso de 30 minutos, muito aplaudido, Ventura desafiou o PSD e os demais partidos de direita a juntarem-se numa aliança para derrotar António Costa.
“A direita já passou tempo demais a discutir paradigmas. A nova direita tem de estar preparada para governar. Ao contrário dos outros que dizem com o Chega, nós dizemos com a direita sempre. Estamos dispostos ao debate. Enquanto nos preocuparmos mais em agradar à esquerda, vamos ser sempre um fantoche dos socialistas“, afirmou.
Se a “direita clássica” insistir em traçar cordões sanitários em torno do Chega, insistiu Ventura, acabará por fazer um “frete” à esquerda e ajudar a “perpetuar” o PS no poder. “Se for assim não vamos chegar a lado nenhum. Quando ostracizamos esta nova direita estamos a ostracizar uma parte do povo português.”
Repetindo várias vezes que era tempo de a direita, apesar das suas diferenças, perceber que António Costa é o verdadeiro adversário, que é tempo de olhar a “esquerda de frente” e de deixar de ser “mole” ou “fofinha”, Ventura deixou uma garantia: “Não haverá Governo à direita sem o Chega. Nunca mais teremos em Portugal um Governo de direita sem o Chega.”