O número de deslocados registados após o ataque de 24 de março à vila de Palma, em Cabo Delgado, norte de Moçambique, ultrapassou na quinta-feira os 60.000, segundo dados da Organização Internacional das Migrações (OIM).

“No dia 27 de maio, um número estimado de 714 deslocados internos foram registados nos distritos recetores, elevando o número total para 60.527 pessoas que foram deslocadas de Palma“, lê-se no mais recente relatório daquela agência das Nações Unidas.

Só na última semana (de 19 a 27 de maio) o número de deslocados registados foi de 8.500, sendo que a população em fuga deverá ser maior, dado que parte dela pode não ser registada e haverá famílias escondidas nas matas da região. De acordo com o perfil traçado pela OIM, 43% dos deslocados são crianças e o número de menores separados das famílias ou em fuga sozinhos subiu para 758. Há ainda 1.958 idosos registados, segundo a OIM. A maioria (85%) dos deslocados registados está a ser albergada por famílias de acolhimentos.

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Há ainda milhares de pessoas (a estimativa era de, pelo menos, 11.000) junto aos portões do projeto de gás da Total em Afungi e na nova aldeia de Quitunda que não querem regressar a Palma devido à insegurança e que têm dificuldade em encontrar uma forma de chegar a locais seguros, segundo a agência.

Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo jihadista Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.800 mortes segundo o projeto de registo de conflitos ACLED e 714.000 deslocados de acordo com o Governo moçambicano.

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Um ataque a Palma, junto ao projeto de gás em construção, a 24 de março provocou dezenas de mortos e feridos, sem balanço oficial anunciado.

As autoridades moçambicanas recuperaram o controlo da vila, mas o ataque levou a petrolífera Total a abandonar o recinto do empreendimento que tinha início de produção previsto para 2024 e no qual estão ancoradas muitas das expectativas de crescimento económico de Moçambique na próxima década.