O Governo britânico anunciou esta quarta-feira que pediu à União Europeia (UE) que adiasse a entrada em vigor das restrições à circulação de carne refrigerada da Grã-Bretanha para a Irlanda do Norte, motivo de tensões pós-‘Brexit’ entre Londres e Bruxelas.

“Pedimos e sugerimos à UE que o melhor caminho a seguir seria aprovar uma extensão do período de carência, pelo menos por um tempo”, afirmou o secretário de Estado para as relações europeias, David Frost, perante uma comissão parlamentar.  Tal permitiria que “as discussões atuais continuem e tentem encontrar soluções“, acrescentou.

“Ainda tenho esperança de que eles possam concordar”, acrescentou o ex-negociador-chefe britânico do Brexit, mais uma vez denunciando a abordagem “purista” dos europeus nessa questão.

Em vigor desde 1 de janeiro, o protocolo da Irlanda do Norte, negociado como parte do acordo para o Brexit, mantém na prática a província britânica da Irlanda do Norte no mercado único e na união aduaneira europeia para mercadorias, ao prever controles alfandegários sobre as mercadorias que chegam à Irlanda do Norte da Grã-Bretanha (ilha formada por Inglaterra, Escócia e País de Gales), separada pelo Mar da Irlanda.

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O objetivo é evitar que ocorram controlos entre a província britânica e a República da Irlanda, no sul, e assim evitar o restabelecimento de uma fronteira física entre os dois territórios que poderia comprometer a paz na Irlanda do Norte, após três décadas de violência sectária.

Mas estas medidas atrapalham o comércio e irritam os unionistas, que defendem a manutenção do território no Reino Unido. O governo de Boris Johnson está particularmente preocupado com a entrada em vigor em julho de regras que impedem o embarque de carne refrigerada para a Irlanda do Norte, uma situação que foi apelidada na imprensa britânica como a “guerra da salsicha”.

David Frost reconheceu durante a audição que as negociações entre as duas partes não registaram até agora “muitos avanços” e reiterou que, na ausência de um acordo negociado, o Reino Unido consideraria “todas as opções“. Entre estas está a suspensão de certas disposições do protocolo, invocando o artigo 16.º, o que é possível fazer em caso de graves problemas económicos, sociais ou ambientais.