Portugal passou da 11.ª para a 10.ª posição das economias mais atrativas para o investimento direto estrangeiro (IDE), em 2020, em termos de número de projetos, num total de 154, revelou esta sexta-feira um estudo da EY.

Miguel Cardoso Pinto, sócio da EY-Parthenon, disse à Rádio Observador que o perfil típico das empresas que investem em Portugal aponta, principalmente, para três setores: Software e serviços de Tecnologia e Informação; Transportes, manufatura e Logística.

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“O primeiro país com maior número de projetos em Portugal é os Estados Unidos, os restantes são da Europa (Espanha, França e Alemanha). As empresas dos Estados Unidos representam 16% do total, de Espanha 15% e da Alemanha 10%”, complementa.

“Num ano desafiante como 2020, Portugal entrou no ‘top’ 10 dos países mais atrativos para investimento direto estrangeiro (IDE), em termos de número de projetos”, anunciou a empresa de consultoria.

Segundo o estudo, no ano passado, foram anunciados 154 projetos de IDE no mercado português, dos quais 70% com fundos originários da Europa e 30% do resto do mundo. Aqueles projetos foram responsáveis pela criação de, pelo menos, 9.000 postos de trabalho, refere.

No entanto, os 154 projetos representam um decréscimo de 3% em comparação com os 158 contabilizados em 2019, devido às incertezas causadas pela pandemia de Covid-19, que fizeram com que a atratividade do IDE nos países europeus tenha caído 13% face ao ano anterior. Apesar da ligeira retração do IDE em Portugal, 37% dos inquiridos no estudo planeiam criar ou expandir operações em Portugal nos próximos 12 meses.

“Nós decrescemos de 158 para 154 projetos, mas o bom do resultado para Portugal é que enquanto na Europa o decréscimo foi de 13%, em Portugal apenas decrescemos 3%. E se olharmos apenas para os novos projetos, é super-interessante ver que temos um record este ano em novos projetos. Dos 154 que falei, 113 são novos projetos. Nunca tivemos tantos novos como agora. E eu vejo isto como um indicador muito positivo”, considerou Miguel Cardoso Pinto à Rádio Observador.

Nas primeiras três posições das economias mais atrativas para os investidores estrangeiros ficaram França, Reino Unido e Alemanha.

“Embora as perspetivas económicas ainda sejam influenciadas pela pandemia, Portugal começa a estar de regresso aos negócios e esperamos ver um aumento no número de oportunidades de operações de M&A [sigla inglesa para Fusões e Aquisições] em Portugal”, apontou, por outro lado, o responsável pela área de Estratégia e Transações da EY Portugal, Miguel Farinha.

Nas intenções de investimento estrangeiro em 2020, a manufatura foi a atividade mais atrativa, com 37 projetos anunciados (24%), embora tenha registado a maior queda quando comparado com 2019 (60 projetos anunciados). A atividade da Investigação e Desenvolvimento surge em segundo lugar, tendo atraído 21% do investimento estrangeiro (33 dos projetos anunciados), sobretudo nas áreas do Digital e das Tecnologias de Informação.

“Além de as áreas digitais e tecnológicas já representarem um terço dos projetos de IDE captados no ano passado, Portugal parece estar no caminho certo para atrair futuros investimentos nestas áreas, uma vez que 45% dos investidores consideram que a economia digital será o principal setor a impulsionar o crescimento do país nos próximos anos”, considera a EY.

Lisboa manteve-se como a região mais atrativa para o investimento estrangeiro, com um total de 68 projetos (62 em 2019), sobretudo nas áreas do Digital e dos Serviços Empresariais, seguindo-se a região Norte, com 55 projetos (51 em 2019), sobretudo nos setores do Digital e de Manufatura e Fornecimento de Equipamentos de Transporte.

O estudo EY Attractiveness Survey Portugal 2021 avalia anualmente a perceção dos investidores estrangeiros relativamente à atratividade do país enquanto destino de IDE.