Desde 2016 que o Europeu é disputado a 24 equipas. Nessa fase final, em França, Portugal beneficiou da regra dos melhores terceiros, com os resultados que todos sabemos. Agora, no Euro “um pouco por todo lado” 2020, seguiu para a fase a eliminar da mesma forma.

Com essa ressalva de que, portanto, nem sempre o Euro teve 24 equipas e oitavos de final, e que a dada altura teve muito menos equipas, esta foi a primeira vez que uma participação portuguesa acabou antes dos quartos de final da competição.

Euro 1984 — Começou a sina francesa

Foi António Sousa o primeiro português a fazer um golo em Europeus, frente à vizinha Espanha, na segunda jornada da fase de grupos da competição disputada em França, depois de um empate a zero frente à Alemanha no arranque. Na última jornada dessa fase, Portugal venceu a Roménia, com um golo de Nené, e passou às meias-finais, onde defrontou a França. Foi aí, nesse Europeu, que começou a tenebrosa sina de Portugal com os franceses, numa derrota por 3-2 após prolongamento. Domergue marcou para os bleus na primeira parte, com Rui Jordão a empatar nos últimos 15 minutos do jogo. O avançado português bisou já no prolongamento, com Domergue a responder com o também segundo golo no encontro. Mesmo à beira do fim, o craque dessa seleção francesa, Platini, colocou a sua seleção na final do Europeu, que acabou por vencer.

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Euro 1996 — A “chapelada” checa

Depois da estreia, foram dois Europeus sem Portugal, que voltou aos grandes palcos em Inglaterra, para o Euro 96. A aproveitar parte da geração campeã do Mundo de juniores em 1989 e 1991, a equipa portuguesa começou a competição contra a campeã em título Dinamarca, empatando a um golo. Na segunda jornada seguiu-se uma vitória com um golo de Fernando Couto frente à Turquia e, no terceiro jogo, frente à poderosa Croácia (Prosinecki, Boban e Suker, entre outros), os portugueses venceram por claros 3-0: marcaram Figo, João Pinto e Domingos. Nos quartos de final, um golo de bandeira de Karel Poborsky tirou a seleção nacional do Euro. Um “chapéu” monumental do extremo checo a Vítor Baía deu a vitória a uma equipa em que não saiu do banco um tal de Pavel Nedved.

Euro 2000 — França, versão 2.0

Já mais afinada, foi na Bélgica e Países Baixos que apareceu a tão famosa “geração de ouro” do futebol nacional. E o arranque foi logo com uma “remontada” épica, frente à experiente e forte Inglaterra. Scholes e McManaman colocaram os three lions a vencer por dois golos ainda antes dos 20 minutos, para pouco tempo depois Luís Figo, de muito longe, deixar o guarda-redes Seaman pregado ao chão. João Pinto, ainda na primeira parte, e Nuno Gomes, no segundo tempo, completaram a reviravolta e vitória por 3-2. Na segunda jornada uma vitória frente à Roménia, com golo de Costinha para lá da hora, e o famoso hat trick de Sérgio Conceição à Alemanha na última jornada valeram uma qualificação imaculada. Nos quartos de final veio uma Turquia que foi derrotada por 2-0, com golos de Nuno Gomes, e, a um passo da final, veio a França. No Estádio Rei Balduíno, em Bruxelas, Nuno Gomes marcou um grande golo à beira dos 20 minutos, com Henry a empatar já na segunda parte. O jogo seguiu para prolongamento e, já no final do mesmo, uma muito discutida bola no braço ou mão na bola de Abel Xavier colocou Zinedine Zidane na marca dos onze metros. Sem muitas espinhas, o 10 francês fez o golo e apurou os gauleses, que mais uma vez seguiram para ganhar a competição. Eliminaram novamente Portugal e ganharam mais um título. Uma repetição.

Euro 2004 — Tragédia grega

Como se diz quando se revela demasiado sobre, por exemplo, um filme ou uma série, antes de alguém ter visto, “spoiler alert”: Portugal perdeu com a Grécia a começar e, infelizmente, a findar o Europeu que se disputou por cá. Num mês que foi de absoluta festa em território nacional (bandeiras nas janelas e cortejos ao lado do autocarro), o fogo de artifício foi lançado para outra equipa. Depois da falsa partida frente aos gregos, no Dragão, Portugal fechou a fase de grupos com uma vitória frente à Rússia, por 2-0, e contra a Espanha, por 1-0. Na fase seguinte, um épico desempate pelas grandes penalidades, com Ricardo a defender sem luvas e a marcar o último penálti, valeu a vitória aos portugueses frente aos ingleses. Nas meias finais, Maniche e Cristiano Ronaldo eliminam os Países Baixos (2-1), ficando a faltar apenas a final, no Estádio da Luz. Não vale a pena escrever muito: Charisteas fez o único golo do jogo e a Grécia foi campeã da Europa.

Euro 2008 — Derrota em ano de tiki-taka

No ano em que arrancou o primeiro título, uma épica e eterna geração espanhola — com o seu tiki-taka sacado da equipa da Catalunha treinada por Guardiola –, Portugal não passou dos quartos de final da competição, mas já vinha de uma derrota na fase de grupos. Depois de vitórias frente à Turquia (2-0) e República Checa (3-1), a finalizar os primeiros três jogos a seleção perdeu com a Suíça, que jogava em casa, por 2-0. Já nos quartos, frente à Alemanha, que depois chegou à final, Portugal viu-se a perder por 2-0 ainda antes da meia hora, com golos de Schweinsteiger e Klose. Nuno Gomes marcou à beira do intervalo mas, num jogo que nunca pareceu muito do lado dos portugueses, Ballack fez o 3-1 a meio do segundo tempo. Hélder Postiga ainda reduziu a poucos minutos do final, mas não chegou.

Euro 2012 — Tiki-taka connosco só nos penáltis

O Europeu de 2008 foi talvez o menos inesquecível da história nacional, mas o de 2012 já foi outra cantiga. Pelo menos, a equipa nacional esteve muito perto das decisões, caindo apenas aos pés da campeã europeia e mundial e que viria a tornar-se bicampeã da Europa: a Espanha. Disputado na Polónia e na Ucrânia, Portugal arrancou o Euro 2012 com uma derrota por 1-0 frente à Alemanha. Seguiram-se vitórias frente à Dinamarca (3-2) e Países Baixos (2-1). Depois de uma vitória por 1-0, numa espécie de vingança frente à República Checa, nos quartos de final, vieram os espanhóis. Portugal resistiu ao famoso tiki-taka durante 120 minutos, mas nas grandes penalidades nuestros hermanos foram mais fortes…

Euro 2016 – Campeões allez!

Éder marcou no prolongamento, na final de Paris, contra a França. É preciso dizer mais?

Mundiais? É melhor se for na Europa

Além das prestações em Europeus, é curioso perceber que a Seleção Nacional se porta melhor quando os mundiais são em território do Velho Continente (tirando o de 2018, na Rússia). Em 1966, em Inglaterra, Eusébio e Cia. chegaram ao terceiro lugar. Quarenta anos depois, na Alemanha e já com Cristiano Ronaldo, Portugal chegou ao quarto lugar. Para trás ficam participações que nunca foram tão bem conseguidas como as já referidas: México, Coreia e Japão, África do Sul e Brasil.