Os números são cruéis. Este domingo, em Sevilha, Portugal fez 23 remates, acertou quatro vezes na baliza, uma vez no poste e não marcou. A Bélgica fez seis remates, acertou uma vez na baliza e fez um golo. No fim, a Bélgica arruma as malas e segue para Munique para defrontar Itália nos quartos de final do Euro 2020 e Portugal arruma as malas para regressar a casa depois de ter sido eliminado nos oitavos de final do Euro 2020.

Na conferência de imprensa, já depois de não ter escondido as lágrimas de tristeza na flash interview, Fernando Santos reconheceu a desilusão mas apontou baterias ao futuro. “Em 2018 também foi uma grande desilusão porque saímos nos quartos de final do Mundial e éramos campeões da Europa e depois em 2019 ganhámos a Liga das Nações. Agora temos de olhar em frente e tentar ganhar o Mundial. Não há nenhuma equipa que possa dizer que é melhor do que Portugal, só há um conjunto de equipas que estão todas ao mesmo nível. Os jogadores sabem que fizeram tudo para dar uma alegria aos portugueses. Portugal merecia vencer este jogo. Mas não aconteceu”, disse o selecionador nacional, que defendeu que o resultado acabou por ser “injusto”.

Estava tudo reunido para ser uma era sem par. No fim, 2016 continua a ser um ato isolado (a crónica do Bélgica-Portugal)

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“No jogo com o Uruguai, no Mundial, não pudemos dizer que foi um resultado totalmente injusto. Os portugueses estão todos tristes, começando por mim. Nenhum de nós pode deixar de sentir orgulho nestes jogadores, pela entrega ao jogo, pela vontade, pelo crer. Todos os portugueses devem estar orgulhosos por aquilo que os jogadores fizeram”, atirou Fernando Santos, acrescentando que a equipa fez “um jogo tremendo”.

Sobre Cristiano Ronaldo, que fez cinco golos no Euro 2020 e acabou por igualar o recorde internacional de golos por seleções nacionais mas não conseguiu marcar este domingo contra a Bélgica, o selecionador destacou a capacidade de trabalho do capitão português. “Toda a gente olha para as estatísticas e percebe que ele marcou cinco golos e que hoje não marcou. Mas tivemos duas bolas no poste, várias situações. Ele trabalhou muito, muito, muito no jogo, tentou de todas as formas. Foi um verdadeiro capitão, em toda a aceção da palavra: na entrega ao jogo, no empenho, na vontade com que quis dar a volta ao jogo, com que quis jogar, com que quis fazer as coisas”, afirmou o treinador.

De forma mais genérica, Fernando Santos fez também uma análise global à partida e defendeu que se tratou de “um jogo equilibrado”. “Do nada, surgiu o golo da Bélgica. Foi um momento duro para nós, perto do intervalo. Fomos para o balneário convencidos de que íamos dar a volta, tínhamos condições para o fazer (…) Os jogadores tiveram uma atitude forte. Procurámos atacar e defendemos bem também. Correram, lutaram, criaram condições, foram sempre atrás do resultado… Mas a bola não quis entrar. Noutras ocasiões, tivemos menos chances e ganhámos. O futebol é isso. É uma desilusão grande. Nós acreditávamos que íamos à final e que íamos vencer. Vínhamos com esse espírito, com essa vontade. Os jogadores estão a chorar, como é normal, mas há muitas coisas para ganhar no futuro.

Por fim, o selecionador nacional acabou por justificar o facto de não ter utilizado nem Nuno Mendes nem Pedro Gonçalves, os dois jogadores do Sporting que falharam o Europeu Sub-21 para estar no Euro 2020. “O Nuno Mendes não teve qualquer participação porque esteve lesionado, fez só os últimos dois treinos. Se o jogo hoje tivesse corrido de outra forma, até porque o Raphael também teve dificuldades, podia ter entrado e era por isso que estava no banco apesar de ter treinado pouco. O Pote… Esteve aqui porque tem qualidade e mérito para isso. Fez um trabalho excelente enquanto esteve aqui. Mas não me pareceu que, nestes jogos, ele fosse a opção certa para entrar”, terminou Fernando Santos.