Uma mulher de 37 anos morreu no último sábado na sequência de uma colisão entre a bicicleta onde seguia e um automóvel, na Avenida da Índia, em Lisboa. A vítima estava grávida de cinco meses e ainda foi transportada das proximidades do viaduto de Belém para o Hospital de São José em estado muito grave, mas não resistiu aos ferimentos e perdeu a vida no próprio dia.

Patrizia Paradiso era investigadora da área de Engenharia de Materiais e professora auxiliar convidada do Instituto Superior Técnico, natural de Itália e emigrada em Portugal há 14 anos. Sempre nutriu gosto pelo ciclismo, mas terá começado a praticar mais este desporto com a chegada da pandemia de Covid-19. Rosa Félix, também ela investigadora do Técnico e ciclista, descreve-a como “daquelas pessoas com todos os cuidados do mundo”.

Rogério Colaço, presidente daquele polo da Universidade de Lisboa, recorda a cientista como “uma investigadora de enorme potencial, reconhecida, respeitada e amada por todos os colegas e alunos que com ela se foram cruzando, dentro e fora do país”: “O mundo fica mais pobre com a partida prematura e sem sentido da Patrizia”, desabafou no Facebook.

Escolho a mesma fotografia que a Fatima Vaz escolheu para assinalar a partida da minha colega, amiga e ex-aluna Patrizia…

Posted by Rogério Colaco on Sunday, June 27, 2021

A Câmara Municipal de Lisboa chegou a apresentar um plano de intervenção na zona onde a investigadora italiana foi atropelada mortalmente, com a instalação de uma ciclovia — outras 15 seriam construídas noutras regiões da cidade. As obras deviam ter sido concluídas em julho de 2020, mas nunca avançaram. Este é um dos motivos que levou Américo Silva a anunciar nas redes sociais que a intenção de “criar uma comissão independente para levar o problema da segurança dos ciclistas à Assembleia da República”.

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O outro objetivo dessa comissão é “tentar recolher o número de assinaturas necessárias de forma a que o Estado ajude na sensibilização dos automobilistas para as novas regras do Código da Estrada e também uma maior fiscalização e punição para os infratores”, disse o ciclista à página Lisboa Para Pessoas. O condutor do carro era um homem idoso que não terá visto a vítima por ter sido encadeado pelo sol.

Américo Silva fotografou o local do acidente, por onde passou com amigos, e encontrou a parte traseira da bicicleta destruída na dianteira do carro. Ao Lisboa para Pessoas, o atleta explica que se deparou com “uma ciclista em estado muito grave” e diz que ficou impressionado com “a violência do embate e o carro parado cerca de 25 metros depois do corpo da vítima”.

BASTA Esta foto foi tirada por mim há 4h atrás. Vou criar uma Comissão Independente para levar o problema da segurança dos ciclistas á assembleia da República. Conto com o vosso apoio.

Posted by Américo Silva on Saturday, June 26, 2021

A propósito da morte de Patrizia Paradiso, a investigadora Rosa Félix comentou nas redes sociais que “juntar pessoas a diferentes velocidades no mesmo canal acaba por correr mal”: “Não é suposto andar-se com medo em cima de uma bicicleta. Precisamos de mais segurança, e cuidados de quem agarra um volante. Ainda há muito por fazer, mas nada que não esteja ao alcance para que não haja mais vítimas”, apelou.

POR FAVOR.Ontem a Patri estava a dar uma volta de bicicleta com um amigo, quando um condutor idoso ficou encadeado pelo…

Posted by Rosa Félix on Sunday, June 27, 2021

Em julho de 2020, Ana Oliveira, jogadora júnior de basquetebol no Sporting Clube de Portugal, morreu atropelada  no Campo Grande, em Lisboa. Tinha 18 anos. A atleta atravessava uma passadeira, levando a bicicleta onde seguia pela mão, quando foi atingida por um automóvel cujo condutor tinha desrespeitado um sinal vermelho. Ana Oliveira foi transportada para o Hospital de Santa Maria, mas não resistiu aos ferimentos.

Artigo atualizado para corrigir informações relativas ao ciclista Américo Silva.