O aumento anormal da temperatura na província canadiana da Colômbia Britânica na última semana parece estar a fazer crescer o número de mortes registado na zona — já anda perto de 500 óbitos — e, mais do que isso, o calor intenso, aliado aos ventos fortes e trovoadas, provocou um incêndio que devastou a vila de Lytton que, na terça-feira, chegou aos 49,6ºC.

Não se sabe ainda se haverá vítimas a registar deste incêndio que varreu a pequena vila e que fez deslocar mais de mil pessoas das suas residências em Lytton e nas áreas circundantes. A temperatura registada naquele dia bateu um recorde da temperatura mais alta de sempre registada no Canadá — que tinha sido 45º C em 1937.

O incêndio alastrou rapidamente por vários pontos distintos da localidade e as autoridades pouco tempo tiveram para evacuar edifícios e habitações — os residentes, relata o Guardian, viram os sinais de fumo a preencher as colinas e agarraram no que puderam para fugirem dali.

“A nossa pobre e pequena vila de Lytton foi-se”, lamentava esta quinta-feira no Facebook Edith Loring-Kuhanga, funcionária da escola Stein Valley Nlakapamux. Edith pegou na sua mala, uma almofada e no computador e fugiu. “Metemos toda a gente nos nossos carros e começámos a conduzir…não havia luz ou internet e toda a gente estava a tentar contactar pessoas”, escreveu ainda.

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A residente de Lytton referiu que a comunidade está “em choque” porque acabou por “perder tudo”. As suas últimas publicações dão conta de um abrandar da situação e de algumas imagens do centro de acolhimento onde muitos residentes — e os poucos pertences que conseguiram levar com eles — se encontram.

A CBC dá conta da perda até ao momento, o que inclui “a maioria das casas” desta vila com 250 habitantes, algumas estruturas centrais, a estação central de ambulâncias e o destacamento da Royal Canadian Mounted Police (RCMP). Um membro do governo local terá dito que 90% da vila foi completamente destruída.

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As autoridades enfrentam agora o desafio de procurar quem possa ter ficado para trás, não havendo ainda vítimas mortais a confirmar. “Estamos a receber chamadas de pessoas que procuram pelas suas famílias e pelos entes queridos, mas está a ser muito difícil por causa das falhas de energia e das torres das operadoras de telecomunicações estarem desativadas, mas estamos a trabalhar nisto”, afirmou, citado pela CBC, Scott Hildebrand, da Thompson-Nicola Regional District, que lidera a operação de evacuação e salvamento. “Um dos nossos desafios é perceber onde estão as pessoas, porque elas fugiram todas em diferentes direções”.

A RCMP está também a fazer buscas no local, com mais de uma centena de agentes no terreno, não avançando números relativamente aos residentes que não foram contactados. As autoridades alertam famílias e habitantes de Lytton que ainda não é seguro para ninguém voltar à vila. “A situação está a ser avaliada continuamente e, quando for seguro fazê-lo, entraremos na área para realizar uma busca formal, especificamente por qualquer pessoa ferida ou desaparecida”, afirmou Dwayne McDonald, comandante do B.C. RCMP.

As condições climatéricas em Lytton estavam perigosamente quentes, secas e ventosas na quarta-feira, dia em que deflagrou o incêndio. “As condições registadas não tinham precedentes em termos de secura e calor”, disse Erika Berg, porta-voz dos bombeiros.