O ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou esta segunda-feira que a presidência portuguesa do Conselho da UE se “empenhou muito” no “lançamento” da missão de formação militar da União Europeia (UE) em Moçambique, que vai esta segunda-feira ser aprovada pelo bloco.

“Da reunião desta segunda-feira, gostaria de destacar, em primeiro lugar, a aprovação formal da missão de treino e formação militar de apoio às Forças Armadas de Moçambique. É uma missão da UE em cujo lançamento a presidência portuguesa do Conselho [da UE] muito se empenhou no último semestre”, afirmou Augusto Santos Silva.

O chefe da diplomacia portuguesa falava à entrada para o Conselho dos Negócios Estrangeiros, que decorre esta segunda-feira em Bruxelas e que reúne o conjunto dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE. Durante a reunião, os chefes das diplomacias europeias deverão formalmente aprovar o lançamento da missão EUTM Moçambique, que, segundo fontes europeias, irá “treinar as companhias de forças especiais moçambicanas” para que “desenvolvam uma reação de força rápida que permita mudar a situação em Cabo Delgado”. O Presidente de Moçambique, Filipe Jacinto Nyusi, anunciou na sexta-feira a chegada de reforços militares do Ruanda para ajudarem no combate.

Além da aprovação formal da missão a Moçambique durante a reunião desta segunda-feira, Augusto Santos Silva também realçou a importância do almoço de trabalho que os ministros dos Negócios Estrangeiros irão ter com o seu homólogo israelita, Yair Lapid. “É muito importante este primeiro contacto com o novo governo israelita, tanto mais quanto esta segunda-feira de manhã já tivemos a oportunidade de ter uma muito útil reunião com o ministro egípcio dos Negócios Estrangeiros“, referiu.

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Numa reunião onde os ministros também irão discutir a atual situação na região de Tigray, na Etiópia — após a Frente Popular de Libertação de Tigray (TPLF, na sigla em inglês) ter ocupado Mekele, a capital da região, e o governo federal ter declarado, em 28 de junho, um cessar-fogo unilateral —, Augusto Santos Silva salientou ainda que o Corno de África “é uma das regiões que mais necessita do empenhamento da UE no sentido de promover a estabilidade, a segurança e a paz das populações“.

O ministro considerou ainda que a missão de formação militar da União Europeia em Moçambique é “muito importante” e servirá para “apoiar” as Forças Armadas moçambicanas na luta contra o “terrorismo na província de Cabo Delgado”.

É uma missão muito importante que será comandada por um oficial general português e cujo objetivo é contribuir para que as Forças Armadas moçambicanas disponham de uma força de reação rápida que possa apoiá-los no processo de combate à insurgência e ao terrorismo na província de Cabo Delgado”, afirmou Augusto Santos Silva.

Após, em 30 de junho, os representantes permanentes dos Estados-membros junto da UE terem endossado o conceito de gestão de crise de uma futura missão de formação militar em Moçambique, espera-se que, esta seunda-feira, os ministros dos Negócios Estrangeiros deem o seu aval final à missão em questão.

Segundo fontes europeias, a missão EUTM Moçambique terá uma duração de 28 meses e será chefiada pelo brigadeiro-general do Exército português Nuno Lemos Pires. Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo jihadista Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.800 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e 732.000 deslocados, de acordo com a ONU.