Os incêndios que desde há seis dias consomem zonas florestais perto de destinos turísticos no sul e oeste da Turquia já provocaram pelo menos oito mortos, implicaram a evacuação de várias zonas residenciais e devastaram também regiões da Grécia, Itália e Espanha.

A Turquia regista atualmente os piores incêndios da última década, com quase 95.000 hectares queimados desde janeiro, quando, entre os anos 2008 e 2020, a média para esta altura do ano costumava ficar pelos 13.516 hectares ardidos. Muitos habitantes das zonas rurais perderam as suas casas e animais, enquanto aumentam os problemas respiratórios devido ao intenso fumo que atinge uma vasta região.

Apenas na província de Mugla cerca de 10.000 pessoas já foram retiradas de casa. De acordo com o ministro da Saúde turco, Fahrettin Koca, o número de pessoas que teve de receber tratamento médico devido aos incêndios ascende, desde quarta-feira, a 864 e mais de 1.100 turistas tiveram de ser retirados através de embarcações — porque as estradas estavam intransitáveis — da estância turística turca de Bodrum.

Mais de 40°C previstos em Antalya

Segundo o ministro da Agricultura e Florestas turco, Bekir Pakdemirli, 111 incêndios florestais estão atualmente sob controlo, mas os fogos continuam intensos nas regiões de Antalya, Mugla e Tunceli (leste).

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“Estamos a atuar com temperaturas que ultrapassam os 40 graus, ventos são fortes e uma humidade extremamente baixa”, acrescentou o ministro em conferência de imprensa. “Estamos a lutar sob estas condições muito difíceis.”

No domingo, residentes foram forçados e abandonar a povoação de Cokertme, devido à aproximação das chamas. Alguns seguiram em pequenas embarcações, outros em viaturas, enquanto eram adotadas medidas de precaução para proteger duas centrais de energia térmica.

Espera-se que as temperaturas permaneçam altas após os máximos registados no mês passado, com destaque para os 49,1° alcançados em 20 de julho em Cizre, Anatólia, no extremo sudeste da Turquia.

O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, foi alvo de críticas quando se descobriu que a Turquia não tinha aviões bombardeiros de água, já que um terço do território é constituído por florestas.

De acordo com dados divulgados pela União Europeia, a Turquia foi devastada por 133 incêndios desde o início do ano, o que compara com uma média de 43 fogos entre 2008 e 2020.

Casas queimadas na Grécia

Na Grécia, os bombeiros também lutaram este domingo contra um incêndio que eclodiu no sábado, devido às altas temperaturas que se fazem sentir no noroeste da península do Peloponeso, próximo da cidade de Patras.

Oito pessoas foram hospitalizadas com problemas respiratórios e queimaduras e cinco aldeias foram evacuadas.

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“O desastre é enorme”, admitiu Dimitris Kalogeropoulos, autarca de Aigialeias, vila próxima do local do incêndio.

Nas aldeias de Ziria, Kamares, Achaias, Labiri, quase 30 casas, armazéns agrícolas e estábulos arderam e campos inteiros de oliveiras foram destruídos, de acordo com o jornal local Patrastimes.

“Dormimos do lado de fora à noite, com medo de já não termos casa quando acordássemos”, explicou Skai, morador de Labiri, à televisão grega.

A estância balnear de Loggos também foi evacuada, tendo 100 moradores e turistas sido transportados, na noite de sábado, pela guarda costeira até o porto de Aigio, poucos quilómetros à frente.

Quase 13.500 hectares arderam já na Grécia, desde o início do ano, o que compara com uma média de 7.500 hectares que se registaram nesta fase do ano entre 2008 e 2020.

Depois de incêndios devastadores na Sardenha no último fim de semana, a Itália contabilizou centenas de fogos florestais neste fim de semana, principalmente no sul do país, disseram os bombeiros na rede social Twitter.

Nas últimas 12 horas, os bombeiros realizaram mais de 1.202 intervenções com 124 equipas apoiadas por 225 veículos, referiram os bombeiros na mensagem.

Em Espanha, afetada em meados de julho por um incêndio num parque natural da costa catalã, perto da fronteira com França, os bombeiros lutaram neste fim de semana contra um incêndio perto do reservatório de San Juan, a cerca de 70 quilómetros de Madrid.