A portuguesa PLM Global foi escolhida para fazer a operação do Pavilhão de Portugal na Expo 2020 Dubai, revelou à Lusa o responsável pelas operações da PLM Middle East, que classifica de “essencial” a participação do país no evento.

“Posso dizer-lhe em primeira mão que somos nós que fazemos a operação do Pavilhão Portugal, concorremos a um concurso internacional e somos nós responsáveis pela operação”, afirmou Frederico Fernandes, durante a visita da Lusa ao R&D Studio Experience da PLM Middle East no Parque de Inovação e Desenvolvimento de Tecnologia do emirado de Sharjah (SRTIP – Sharjah Research Technology and Innovation Park).

A escolha da PLM Global resultou de um concurso público internacional, sendo o valor final contratualizado de 1,199 milhões de euros, de acordo com a empresa.

“Aqui no Dubai temos nove pessoas neste momento a trabalhar, mas agora por causa da Expo vamos provavelmente chegar, eu diria, a quase 100”, acrescentou Frederico Fernandes.

“A nossa equipa aqui vai crescer pelo menos durante seis meses e a nossa função será coordenar e operar todas as equipas que têm a ver com a experiência ao cliente, equipas que têm a ver com segurança, sanitização, que aqui é extremamente importante para que tudo corra bem, limpeza, manutenção de experiências ao visitante e por aí a fora”, referiu.

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A PLM vê “a participação de Portugal num evento como a Expo como algo de essencial”, já que o país “é muito bem visto aqui no Médio Oriente”.

Aliás, “os portugueses são muito bem vistos no Médio Oriente e isto é uma plataforma que nós” temos “cada vez mais que estar presentes e esta opção por parte de Portugal e da AICEP [Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal] é a cereja no topo do bolo”, sublinhou Frederico Fernandes.

A presença na exposição mundial, que arranca em 01 de outubro, “vai despertar a atenção dos locais”, ou seja, “das pessoas do Médio Oriente e dos asiáticos para a nossa realidade”, considerou o responsável de operações.

“E ninguém recebe como nós, portugueses, ninguém inova como os portugueses”, a “PLM é esse exemplo também”, apontou o responsável.

A PLM vai fazer “este ‘blend’ [mistura] juntamente com a AICEP no pavilhão” português, asseverou, referindo que a empresa não está “com meias medidas”.

“Nós queremos operacionalizar e queremos ser o melhor pavilhão da Expo, pelo menos em atendimento ao cliente e experiência que os clientes vão ter”, reforçou.

“E é para isso que nós estamos a trabalhar, para que as pessoas ao perceberem Portugal e toda a sua magnitude na visita percebam também a excelência em ser recebidos, a inovação e ‘design'”, acrescentou.

A PLM Global nasceu há cerca de 45 anos em Aveiro e é uma empresa “que trabalha inovação e criatividade junto dos seus clientes de forma que possamos resolver os problemas que eles têm e realizar os seus sonhos”, explicou o responsável, nomeadamente em “gestão de comunicação, de criatividade, a gestão de novas iniciativas”, as quais podem ser comerciais ou disruptivas em termos de inovação, “não só em Portugal como no resto do mundo”.

Atualmente, a PLM está em Portugal, Espanha, Alemanha, Brasil, China e marca agora presença nos Emirados Árabes Unidos, que é o seu polo no Médio Oriente.

“Chegámos aos Emirados Árabes Unidos, mais concretamente ao Dubai, há cerca de um ano e meio, na expectativa de começar a lançar aqui a semente de criatividade que nós temos no Médio Oriente como rampa de lançamento para África também e como complemento das atividades que temos na Ásia, nomeadamente na China”, contou.

“O nosso CEO [presidente executivo] aterrou cá na pandemia e também teve a oportunidade, de alguma forma, de observar melhor o mercado e perceber a plataforma que se estava cá a construir” e “acabamos por perceber que existe aqui um estímulo bastante forte em termos de criatividade, inovação que a PLM tinha que abraçar”, salientou.

A empresa está presente no emirado do Dubai, com um escritório, onde a maioria da atividade decorre, e depois tem um centro de desenvolvimento e experiência (R&D Studio Experience) noutro emirado, Sharjah, onde o grupo mostra a sua parte “mais inovadora” e partilha essa inovação junto de “mentes brilhantes”, sobretudo nas universidades, com empreendedores e com empresas locais “para que percebam” o que pode ser feito por eles e pelos seus clientes.

Esta opção por Sharjah acontece porque “aqui existe uma liderança bastante forte e interessada no desenvolvimento industrial com inovação”.

Sharjah “é conhecida como um grande polo universitário e desenvolvimento industrial nos Emirados Árabes Unidos, e agora está a apostar muito forte em termos de inovação do ‘retaiul’ [retalho]” e em outros setores, acrescentou.<

E têm já muitos clientes no Dubai? “Sim, sem dúvida”, rematou Frederico Fernandes.

“Foi chegar, ver e vencer”, sublinhou, salientando que a PLM tem uma “equipa fantástica” e a liderança do grupo “já está nisto há muitos anos”.

O responsável admitiu que “foi fácil” atrair os clientes que já tinham em carteira internacionais, que quando descobriram que a empresa estava nesta zona do Golfo começaram a contactar e a contratar serviços.

“Depois captámos alguns clientes governamentais e fomos também responsáveis por alguns eventos e algumas efemérides bastante giras”, como por exemplo “o primeiro evento de aviação e turismo do mundo”, que decorreu no emirado de Ras al-Khaimah.

A PLM tem engenheiros, designers, decoradores, pessoas no departamento de inovação cuja sua função é imaginar o futuro, de acordo com o responsável.

A empresa desenvolveu um pórtico de última geração, o qual também vai estar no Pavilhão de Portugal na Expo Dubai.

“Também vamos ter isto no pavilhão, nós estamos neste momento a trabalhar com a AICEP e com a Expo para perceber quais são os procedimentos que nós temos que ter. Já sabemos no momento quais são, mas esta pandemia tem-nos permitido perceber que a flexibilidade é muito importante”, apontou.

“Somos flexíveis em termos de ‘software’, de construção e de ‘hardware’, somos também extremamente atentos e preocupados com a situação, de modo que qualquer atualização que haja, seja de capacidade de tráfego no pavilhão, de condições e procedimentos para uma segurança na receção de pessoas”, a PLM vai ser capaz de fazer, asseverou.

Sobre o pórtico de última geração, que resulta num processo de desinfeção à entrada de qualquer espaço onde esteja inserido, apontou ser “uma excelente referência porque é um engenho português”, que é um sistema — ao contrário dos outros — que não liberta químicos quando a pessoa o atravessa, e que é “10 a 15 vezes mais leve” e também na mesma proporção “mais barato”, onde “a tecnologia também é diferente”.

Ou seja, “não há necessidade de ‘dar banho’ às pessoas, nem de usar químicos”, concluiu.