O fim de semana passado não foi fácil para Miguel Oliveira. O piloto português sofreu uma queda aparatosa nos treinos livres do Grande Prémio da Estíria, correu com o pulso lesionado e com muitas dores e acabou por abandonar a prova devido a um enorme (e quase chocante) desgaste no pneu dianteiro da KTM. Ainda assim, os dias mais difíceis depressa foram suplantados por uma notícia bem mais feliz.

“As nossas vidas seguem agora com uma companhia especial. O cargo que durará a nossa vida inteira, o de sermos pais. Ansioso por te conhecer, filhota”, anunciou o piloto português nas redes sociais, numa legenda que acompanhou uma fotografia onde a mulher já surge grávida. Ao mesmo tempo, revelou que o capacete que usa em todas as corridas vai passar a contar com um novo autocolante que diz, naturalmente, “bebé a bordo”.

Ora, este fim de semana e dias depois de anunciar então que vai ser pai, Miguel Oliveira procurava alcançar um resultado melhor do que há sete dias — ainda que na mesma pista, porque o mesmo Red Bull Ring que foi palco do Grande Prémio da Estíria era este domingo o palco do Grande Prémio da Áustria. O piloto português fez o 15.º melhor tempo nos treinos livres, fez o 14.º melhor tempo da qualificação, conseguiu ser segundo na Q1 e ir à Q2 e aí carimbou o nono lugar da grelha de partida. A pole-position, por outro lado, caiu para Jorge Martín, que voltou a brilhar no circuito austríaco depois de ter conquistado a vitória na semana passada.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Miguel Oliveira vai arrancar do 9.º lugar no Grande Prémio da Áustria

Este Grande Prémio da Áustria ficava desde logo marcado pela ausência de Maverick Viñales, que foi suspenso pela Yamaha devido a “um inexplicável uso irregular da mota” na etapa anterior e não tinha qualquer substituto. Num dia com condições muito mistas, entre os cerca de 47 graus no asfalto mas a constante ameaça de chuva, a direção de corrida mostrou a bandeira branca logo na primeira volta, anunciado que os pilotos poderiam, se assim o pretendessem, trocar para motas preparadas para a chuva. Miguel Oliveira não conseguiu um arranque perfeito, ficando muito encaixado no miolo do pelotão e caindo até ao 12.º lugar nas duas primeiras voltas, enquanto Pecco Bagnaia conseguiu aproveitar um início algo confuso para agarrar a liderança. Na volta 6, porém, o piloto português já tinha recuperado novamente até à nona posição, ultrapassando Álex Rins, Iker Lecuona e Aleix Espargaró.

A chuva começou a ameaçar cada vez mais perto da volta 10, quando Miguel Oliveira ainda era nono e Bagnaia ainda tinha a liderança, seguido de perto por Fabio Quartararo, Marc Márquez e Jorge Martín. A cerca de 10 voltas do fim, o piloto português voltou a perder a posição para Espargaró mas beneficiou do abandono do antigo colega Johann Zarco, na sequência de uma queda, para regressar ao nono lugar. Lá à frente, Bagnaia ia controlando as ocorrências mas não tinha margem para dar um centímetro que fosse a Márquez, que entretanto tinha ultrapassado Quartararo e estava a lutar ativamente pela vitória.

Yamaha suspende Maverick Viñales (que vai sair no final da época) por “inexplicável uso irregular da mota”

A seis voltas do fim, porém, o pior aconteceu: Miguel Oliveira caiu na curva 1 e acabou por abandonar o Grande Prémio da Áustria, somando a segunda desistência consecutiva. O piloto português acabou por não conseguir corresponder à maior intensidade da chuva e foi surpreendido por um erro logo depois da reta da meta. Na mesma altura, Marc Márquez conseguiu finalmente roubar a liderança a Pecco Bagnaia e as mudanças de vários pilotos para mota de chuva provocaram enormes cambalhotas na classificação — Brad Binder, colega de Oliveira na KTM, saltou para o primeiro lugar, Aleix Espargaró ficou em segundo, Marc Márquez caiu e Pecco Bagnaia caiu para quarto.

Nas últimas voltas, Brad Binder acabou por conseguir mesmo capitalizar a aposta na manutenção dos pneus slick, sem mudar para pneus de chuva, e garantiu a vitória em casa, no Grande Prémio da Áustria, para a KTM. Pecco Bagnaia ainda conseguiu recuperar o suficiente para chegar à segunda posição e Jorge Martín encerrou o pódio, seguido de Joan Mir, Luca Marin e Iker Lecuona, com Fabio Quartararo e Marc Márquez a não conseguirem melhor do que um 7.º e um 15.º lugar, respetivamente.