Paulo Portas, antigo ministro da Defesa e dos Negócios Estrangeiros, acredita que o avanço talibã no Afeganistão vai ter como consequência mais do que previsível a existência de uma enorme vaga de refugiados afegãos. Para o antigo líder do CDS, a Europa vai ter de lidar com um desafio político e social quase sem precedentes.

“Podemos ter uma crise de refugiados à nossa porta”, alertou Paulo Portas no seu habitual espaço de comentário na TVI, sem esconder a preocupação com o efeito conjugado de três fatores: o papel desempenhado pela Turquia nas anteriores crises de refugiadas; as históricas dificuldades de relação entre o regime de Erdogan e a União Europeia; e a ausência de uma líder como Angela Merkel, em particular numa Alemanha em clima eleitoral.

O antigo vice-primeiro-ministro não deixou também de lamentar o “avanço absolutamente imparável” e “aterrador” de uma “organização politico-religiosa e extremista sobre um Estado que nunca existiu”.

Mesmo defendendo que a invasão do Afeganistão teve óbvias vantagens, permitindo apanhar Bin Laden e travar a exportação da Al Qaeda, Paulo Portas reconheceu que a operação falhou em dois aspetos estruturais.

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“Não alterou a natureza do Estado afegão e não alterou a capacidade das suas forças de segurança nem o sentido patriótico das suas elites políticas.”

A terminar, Portas apontou o dedo às forças ocidentais, em particular a Donald Trump, que assinou o controverso acordo com os talibãs. “Só ele deve ter acreditado”, ironizou.

Vinte anos depois da invasão norte-americana do Afeganistão, o regresso dos talibã ao poder é inevitável?