A Renault vai marcar presença no Salão Automóvel de Düsseldorf, cujas portas abrem no dia 27 de Agosto, com um show car que promete dar que falar entre os adeptos do caravanismo. A base é a do novo Trafic, mas o conceito é o de um alojamento de luxo nómada. E daí a estranha convivência das palavras “Hippie Caviar Hotel” na designação deste projecto que prevê praticamente tudo: a liberdade de viajar sem restrições, a comodidade de solicitar entregas por drone e o luxo de até contemplar um terraço mobilado para que o campista possa relaxar numa fuga com direito a cinco ou mais estrelas – dependendo apenas do facto de o céu estar mais ou menos nublado…

O Hippie Caviar Hotel inspira-se no movimento dos anos 60 e alude à Renault Estafette, fabricada a partir de 1965 e que tinha sob o capot um motor de quatro cilindros com 1108 cm3 e 45 cv, o qual atingia 95 km/h de velocidade máxima e anunciava um consumo de 9,5 l/100 km, sendo que o depósito ficava atestado ao fim de 37 litros. Estas não serão as limitações da excêntrica autocaravana idealizada pelos designers da Renault, pois é suposto que as incursões pela natureza ou a simples aventura rumo a outros destinos se façam exclusivamente em modo eléctrico.

A Renault Estafette, com 45 cv, era um exemplo dos furgões adaptados ao campismo em 1965

A marca aproveita, por isso, para sinalizar que este Hippie Caviar Hotel marca a sua aposta “no desenvolvimento de uma gama de furgões VIP centrada na personalização e na chegada da versão eléctrica do Trafic em 2022”. Mas não é só isso. Segundo o responsável global de Marketing da Renault, Arnaud Belloni, esta autocaravana dá um passo em frente ao fazer dos serviços conectados um dos seus pontos-fortes, “dando início a grandes projectos”. Enigmas à parte, o hotel sobre rodas que vai ser mostrado no certame germânico contempla uma ampla gama de serviços colocados ao dispor do caravanista, que vão desde a solicitação da entrega de um contentor com uma série de itens que fazem falta a quem está no meio de nada, como uma casa de banho completa e um posto de recarga para abastecer os acumuladores da motorhome, passando pela requisição de bicicletas ou entregas de bens por drone.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Mas se tudo isto lhe parece muito futurista, pode até nem ser uma realidade muito distante, pois o fabricante francês reconhece que a procura por este tipo de veículos está em crescendo, pelo que este protótipo traduzirá a sua vontade de querer parte desse quinhão com uma gama que se diferenciará pelo posicionamento mais requintado, sinónimo de maior luxo para o cliente e de maior lucro para a marca.

Exibindo uma estética mais “descontraída” do que o Trafic que lhe serve de base, fruto da pintura a dois tons, esta caravana rentabiliza o espaço ao máximo. À frente mantém-se o tradicional posto de condução, mas todo o interior remete para os já idos anos 60, com a escolha de cores e de materiais como o vime, madeira exótica e fibras naturais (linho e lã) a contribuírem para uma atmosfera mais relaxante e próxima da natureza. Lá atrás é onde a magia acontece, com uma sala que se estende até ao terraço, sendo a privacidade assegurada pela opacidade das cortinas, o que também ajuda a não aumentar muito a temperatura a bordo do veículo nos dias de mais calor.

A cama, essencial para providenciar um retemperador descanso ao campista, é quase king size (considerando que estamos perante um furgão compacto), tendo no limite 1,45 metros de largura por 1,95 m de comprimento. Mas o melhor é que corre por trilhos colocados no tejadilho, os quais lhe permitem deslizar até de dentro para fora, para o terraço contíguo ao trailer, podendo ainda variar em posições, o que significa que pode passar de cama a espreguiçadeira reclinável num ápice.

No topo está instalada a zona de chill out e será aí o local preferencial para o drone aterrar com as encomendas efectuadas online. Tudo isto parece muito bem pensado para quem está interessado numas férias com viagem e estadia em primeira classe, mas falta responder a duas questões. A primeira é “funciona mesmo?” e a segunda é “quanto será que vai custar”, pois tudo indica que haverá mesmo uma versão de produção.