Antes da interrupção dos campeonatos para os compromissos das seleções nacionais no apuramento para o Mundial 2022, o Manchester City goleou o Arsenal numa partida em que Ferran Torres marcou dois golos e foi considerado o melhor jogador em campo. Depois do apito final, Pep Guardiola mostrou-se muito satisfeito com a exibição do espanhol e comparou-o a Jamie Vardy, o veterano avançado do Leicester. Esta semana, teve de explicar o que quis dizer.

“Eu não comparei o Ferran Torres com o Jamie Vardy. Eu disse que o Ferran tem movimentos semelhantes. O Ferran tem de comer muita sopa ao jantar para ser comparado com o Vardy, tendo em conta tudo o que ele já fez durante a carreira. O Vardy tem 33 ou 34 anos, o Ferran tem 21 ou 22. Um está a começar, o outro já fez coisas fantásticas, impressionantes. Sou um grande admirador dele. Só fiz esse comentário porque o Vardy gosta de fazer aqueles movimentos nas costas da defesa. Os avançados normalmente não os fazem mas o Ferran também gosta de os fazer. Era esse o meu ponto”, detalhou Guardiola na antevisão da visita do Manchester City, precisamente, ao Leicester.

Ora, o que o treinador inglês esqueceu — e que a imprensa inglesa fez questão de lhe recordar — foi a restante dieta de Jamie Vardy. Numa entrevista à revista Men’s Health, há alguns anos, o avançado inglês revelou o que costuma comer em dia de jogo: “Com um jogo às 15h, bebo uma lata de Red Bull assim que acordo, desaparece em 30 segundos. Não tomo o pequeno-almoço e não como nada até comer uma omelete de queijo e fiambre com feijão às 11h30. Como isso com outro Red Bull, que também desaparece rápido. Chegamos ao balneário hora e meia antes do apito inicial e aí bebo logo uma terceira lata de Red Bull”, contou. Além disso, Vardy ainda revelou que na época 2015/16, quando o Leicester fez história ao conquistar a Premier League, bebia um cálice de vinho do Porto antes de cada jogo.

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Gastronomia à parte, Leicester e Manchester City encontravam-se este sábado no King Power Stadium — exatamente à mesma hora que, em Old Trafford, Cristiano Ronaldo realizava a estreia ao serviço do Manchester United. Ao contrário do que foi indicado ao longo da semana, os citizens foram autorizados a utilizar Ederson e Gabriel Jesus, os dois internacionais brasileiros que em teoria estariam impedidos de jogar depois de a Confederação Brasileira de Futebol ter acionado uma cláusula junto da FIFA que não permitia que os jogadores que não tinham sido cedidos às seleções pudessem atuar. Ederson e Jesus eram ambos titulares, Jack Grealish e Ferran Torres completavam o ataque com o brasileiro, Bernardo Silva, Rúben Dias e João Cancelo estavam todos no onze: ou seja, Guardiola utilizava o mesmo onze em três jornadas consecutivas da Premier League, algo que nunca tinha acontecido. Já no banco, de regresso, estavam Kevin De Bruyne e Phil Foden, dois jogadores que têm estado lesionados.

A primeira oportunidade foi construída por Bernardo, que desequilibrou na esquerda para depois cruzar à procura do cabeceamento de Gabriel Jesus. O brasileiro atirou ao segundo poste mas Kasper Schmeichel defendeu (6′), com Ederson a responder logo no minuto seguinte ao afastar um cabeceamento de Barnes (7′). O mesmo Bernardo ficou perto de abrir o marcador, ao atirar ao lado depois de uma perda de bola de Tielemans em zona recuada (19′), e Grealish também teve uma boa ocasião na sequência de um livre estudado do Manchester City (21′). Até ao intervalo, Schmeichel ainda voltou a evitar o golo e novamente depois de um remate de Jesus (43′) mas a primeira parte do encontro terminou mesmo empatada a zeros apesar da clara superioridade da equipa de Guardiola.

No arranque da segunda parte, nenhum dos treinadores fez alterações. Jamie Vardy teve a primeira oportunidade logo nos primeiros instantes do segundo tempo, com um cabeceamento por cima (47′), e acabou por colocar a bola dentro da baliza na sequência de uma recuperação de bola de Ndidi, que depois deixou o avançado isolado na cara de Ederson (49′) — Vardy, porém, estava fora de jogo na altura do passe e o golo acabou por ser invalidado. Brendan Rodgers tentou impulsionar o arranque positivo e refrescar o centro da defesa, ao trocar Vestergaard por Jonny Evans, mas o efeito acabou por ser o contrário.

Pouco depois da hora de jogo, Rodri atirou à baliza na sequência de um passe de Grealish e a bola ficou presa num ressalto mesmo à frente de Schmeichel, deixando Bernardo Silva totalmente à vontade para fazer a recarga e abrir o marcador (62′). Guardiola reagiu à vantagem ao trocar Ferran Torres por Sterling, Kyle Walker obrigou Schmeichel a mais uma defesa (72′) e Rodgers procurou empurrar a equipa para o empate ao lançar Iheanacho e Lookman. Até ao fim, ambos os jogadores lançados obrigaram Ederson a boas defesas (76′ e 80′) mas o Leicester já não conseguiu evitar a derrota em casa com o campeão inglês em título.

O Manchester City foi ao terreno do Leicester conquistar aquela que será, com certezas, uma das vitórias mais complicadas da temporada e colocou-se no segundo lugar da Premier League, a um ponto da liderança do Manchester United e aproveitando a derrota do Tottenham de Nuno Espírito Santo contra o Crystal Palace. E bem pode agradecer a Bernardo Silva, o filho perfeito de Guardiola que come a sopa toda ao jantar e anda de barriga cheia depois de também ter marcado ao serviço da Seleção Nacional.