No maior mercado europeu, a Alemanha, a sensibilidade dos condutores está cada vez mais “pró-ambiente”, para o que contribuem decisivamente os estímulos à compra de automóveis com menores emissões. Especialmente, modelos 100% eléctricos, que naquele país podem usufruir de uma ajuda governamental que chega aos 7500€. Isso explica, em parte, a enorme receptividade que a segunda geração do Toyota Mirai está a ter no mercado alemão, onde, em seis meses, a berlina japonesa conseguiu conquistar 222 compradores.

Toyota não espera mais e avança com Mirai a fuel cell de hidrogénio

Em termos absolutos, o número pode até nem impressionar, mas a realidade é que diz respeito a um veículo eléctrico fora do convencional, pois o Mirai (palavra japonesa que significa “futuro”) não acumula a energia de que necessita em baterias. Ao invés disso, recorre a uma célula de combustível a hidrogénio (5,6 kg distribuídos por três depósitos onde é armazenado a 700 bar) para gerar a bordo a electricidade de que necessita para accionar o seu motor de eléctrico de 182 cv. Este processo de electrólise inversa leva que pelo escape do Mirai não saia mais que vapor de água, com a vantagem de o consumo médio a cada 100 km estar homologado em WLTP entre os 0,79 kg e os 0,89 kg (a variação depende do diâmetro da jante e da largura do pneu). Com isto, a berlina japonesa com 4,98 metros de comprimento consegue homologar uma autonomia de 650 km entre visitas a um posto de abastecimento de hidrogénio. E, aí, a operação de atestar tarda menos de 5 minutos, o que bate o processo de recarga de qualquer outro eléctrico no mercado – excepção feita para as estações de troca de bateria, que ainda não estão disponíveis na Europa, embora a Nio vá implementar esta solução.

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Com incentivos generosos e com uma rede de postos para abastecer hidrogénio em perto de 100 estações, espalhadas pelo país, a Alemanha faz dos eléctricos a fuel cell uma alternativa viável. “Nunca antes, em tão curto período de tempo [seis meses], foram para as estradas alemãs tantos veículos movidos a hidrogénio”, destaca a Toyota. Segundo a marca, os 222 Mirai entregues desde Março passado, permitem que na Alemanha circulem neste momento “um total de 525 veículos com células de combustível da Toyota”.

No maior mercado europeu, o novo Mirai é proposto por valores a partir dos 63.900€, sendo que o preço pode chegar aos 73.900€ no nível de equipamento de topo (Advanced). Mas, se subtrairmos os 7500€ de apoio estatal e se considerarmos a autonomia, a rapidez no reabastecimento e o salto evolutivo do modelo, em termos técnicos e de design, o valor torna-se bem mais interessante.

De acordo com a Autoridade Federal de Transportes Motorizados da Alemanha, registava-se, em Julho, um total de 981 carros movidos a hidrogénio. Em 2020, eram apenas 630 unidades e, há três anos, nem chegavam ao meio milhar (358). Numa perspectiva mais abrangente, os dados referentes ao último mês, revelam que os alemães estão cada vez mais interessados em mecânicas electrificadas. Os 100% eléctricos conquistaram 14,9% das vendas, acima dos 12,7% reclamados pelos híbridos plug-in, mas abaixo dos 18,7% de híbridos. Feitas as contas, 46,3% das novas matrículas são de viaturas parcial ou totalmente electrificadas – quase metade das vendas, com tendência para aumentar.

A Toyota aproveita para informar que, face ao crescente interesse despertado pelo Mirai, “a capacidade de produção anual foi significativamente expandida”.