O cone principal do vulcão em La Palma, nas Canárias (Espanha), colapsou parcialmente na manhã deste sábado, asseguram os media espanhóis. No entanto, o comité de crise assegura que este é um fenómeno normal e garantem, também, que “não justifica preocupação” o facto de ter aberto uma nova fonte emissora de lava.

A confirmação do colapso foi feita por Carlos Lorenzo, geólogo do Instituto Espanhol de Geologia e Minas (IGME) citado pelo El País, que explicou — depois de observar a situação, através do uso de drones — que o fenómeno deixou “um enorme fluxo de blocos muito grandes deslocados pela encosta do cone em direção ao mar“.

Em termos simples, não suportou o próprio peso e “rompeu-se na parte sudoeste”.

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Desvalorizando o fenómeno, Miguel Ángel Morcuende, diretor técnico do comité de crise, comentou que existe uma nova fonte emissora, na mesma fissura, que começou a emitir lava a oeste do cone principal – mas pode ser apenas uma das primeiras bocas que se abriram quando esta erupção começou e que, depois de um período apagada, poderá ter voltado a emitir.

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Não é algo que justifique a nossa preocupação“, assegurou. Isto embora os cientistas citados pelo El Mundo notem que este novo fluxo é composto por lava mais fluída e rápida, pois provém de partes mais internas da caldeira vulcânica, conforme explicou o diretor técnico do Plano de Proteção Especial Civil e Pronto Atendimento de Risco Vulcânico (Pevolca), Miguel Ángel Morcuende.

A nova lava avançou primeiro a cerca de 80 metros por hora, mas à medida que se afasta da fonte diminui de velocidade e talvez deslize agora a cerca de 30 metros por hora, de acordo com os cálculos.

Desde o início da erupção do vulcão, no último domingo, a 19 de setembro, a lava cobriu um total de 212 hectares e destruiu 461 edifícios, além dos muitos quilómetros de estradas afetadas – números atualizados ao final da noite de sábado.

Estão suspensos os voos com origem e destino em La Palma, confirmou a AENA (Aeroportos Espanhóis e Navegação Aérea). Os restantes aeroportos do arquipélago das Canárias estão operacionais e a companhia aérea canária, Binter, retomou o seu horário de voos com a ilha de La Gomera e com os aeroportos de Tenerife Norte e Sul, que estavam restritos na tarde de sexta-feira passada.

Sismicidade está em níveis baixos

O diretor do Pevolca explicou que a sismicidade está em níveis baixos, embora os movimentos telúricos podem chegar à magnitude 4, e lembrou que todos os terremotos registados estão ligados ao processo vulcânico que atinge a ilha.

O National Geographic Institute detetou três terramotos de magnitude superior a 2,2 desde o meio-dia de sexta-feira e informou que o tremor vulcânico atingiu os valores mais altos nas últimas 24 horas, enquanto a estabilidade nas deformações do solo é mantida.

A qualidade do ar é boa e as medições estão em andamento, enquanto a possibilidade de chuva ácida foi descartada. Apesar disso, as autoridades de Saúde do Governo Autónomo das Ilhas Canárias apelaram à população para que evite atividades recreativas e desportivas ao ar livre.

As cinzas vulcânicas podem causar problemas nos brônquios, pulmões e nos olhos, por isso quem a manipula deve usar uma máscara tipo FFP2 e óculos de proteção, aconselhou o diretor do Pevolca.

Sobre as pessoas que na sexta-feira deixaram as suas casas em Tajuya, Taconde de Arriba e Taconde de Abajo e Morcuende indicou que ficarão fora de suas casas por pelo menos 24 horas até analisar a evolução da erupção vulcânica.

Mais de mil pessoas trabalham no dispositivo de emergência, coordenado pela Direção-Geral de Segurança e Emergências do Governo canário, informou o responsável da Segurança do Governo autónomo, Julio Pérez.