O ministro das Finanças de Moçambique disse esta terça-feira que a região de Cabo Delgado registou uma recessão média de 3,4% desde o início dos ataques, em 2017, o que contrasta com o crescimento de 6% desde 2011.

“Cabo Delgado crescia a 6% ao ano, em média, desde 2011 até 2017, mas desde aí até 2020 o valor é de -3,4%, é esse o impacto económico no terreno”, disse Adriano Maleiane durante o quarto Fórum sobre a Resiliência em África.

Perdemos 5 mil Pequenas e Médias Empresas [PME], o que significa que há 600 milhões de dólares [510 milhões de euros] que se perderam, para além das 800 mil pessoas deslocadas”, acrescentou o governante na sua intervenção inicial no painel ‘O nexo entre segurança, crescimento económico e investimento’.

Para além disso, acrescentou, “há 284 empresas diretamente ligadas a estas atividades que pararam, e mais de 47 mil trabalhadores ficaram sem trabalho, houve 2 mil pequenos contratos diretos que pararam também, e se a situação não melhorar, estaremos num momento muito difícil”.

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O acesso ao financiamento, lamentou, também não é fácil para Moçambique.

“Temos de reconstruir e para isso é preciso dinheiro que não está disponível“, lamentou Maleiane, lembrando que o título de dívida ligado a situações de segurança, defendido esta terça-feira pelo presidente do BAD, “é mais do que apropriado para Moçambique”.

Cabo Delgado, concluiu o ministro da intervenção inicial, “é um problema a sério, e a solução terá de vir do orçamento, mas será muito, muito difícil acomodar essa pressão fiscal”.

A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, segundo as autoridades moçambicanas.

Desde julho, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu aumentar a segurança, recuperando várias zonas onde havia presença de rebeldes, nomeadamente a vila de Mocímboa da Praia, que estava ocupada desde agosto de 2020.