O artista, professor universitário, crítico e escritor João Rocha de Sousa morreu, no domingo, em Lisboa, aos 83 anos, anunciou hoje a Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa (FBAUL), da qual fez parte.

Nascido em Silves, em 1938, concelho cuja câmara municipal o distinguiu em 2019, João Rocha de Sousa formou-se em Pintura, na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, onde se tornou assistente em 1964 e professor agregado seis anos depois, marcando “de modo definitivo o rumo” que a instituição “seguiu após o 25 de Abril de 1974, ao definir a estratégia da reforma do ensino artístico que foi então implementada”, como lembra uma nota da FBAUL assinada pela vice-presidente da instituição Cristina Tavares.

Lembremos Rocha de Sousa em ameno cavaqueio à entrada da faculdade, ou caminhando pelos corredores, nunca sozinho, mas sempre com alunos e colegas à sua volta e recordamos as suas palavras sábias e meditadas com saudade”, escreve Cristina Tavares.

Ainda segundo o mesmo texto, João Rocha de Sousa “lecionou durante anos a disciplina de Comunicação Visual que foi decisiva para uma modernização da formação dos alunos, e foi docente na Universidade Aberta no Mestrado de Comunicação e Multimédia”.

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Rocha de Sousa foi também “um grande comunicador e divulgador”, recordou Cristina Tavares, que lembrou o programa “Aproximação à Pintura”, da RTP, por si apresentado com realização de José Elyseu.

Como artista plástico participou de 1964 em diante em inúmeras exposições individuais e coletivas em Portugal e em Angola. A escrita foi outra das manifestações do pulsar da sua dimensão intelectual com obras ficcionais e crónicas: ‘Amnésia’ (teatro), ‘Angola 61, uma Crónica de Guerra’, ‘A Casa Revisitada’ e ‘O Messias'”, acrescenta a mesma nota da FBAUL.

Por seu lado, a biografia disponibilizada pela Câmara Municipal de Silves, aquando da distinção de Rocha de Sousa, salienta que, nos anos 1970 “encontrou-se representado na Bienal de Veneza, ligando o cinema experimental às artes plásticas”.

“Esteve envolvido na produção e realização de várias séries sobre arte para a RTP como por exemplo ‘Arte Portuguesa’, ‘As Coisas e as Imagens’, ‘A Mão’, ‘O Homem em Desenvolvimento’, entre outras”, pode ler-se na biografia.

A ministra da Cultura, Graça Fonseca, lamentou a morte do artista, que classificou de “figura central na história do ensino artístico”.

“Reconhecido como um grande comunicador e divulgador, tanto pelos seus pares como pelos alunos, João Manuel Rocha de Sousa teve um papel central no ensino das Belas Artes em Portugal, na sua inserção social e no mundo artístico, tendo apoiado diversos jovens artistas em início de carreira”, indicou a nota do Ministério da Cultura.

A nota de pesar do Governo lembrou ainda que Rocha de Sousa foi uma “peça fundamental da profunda revisão curricular dos Estudos Superiores de Artes após o 25 de Abril, [e que] João Manuel Rocha de Sousa será sempre recordado pelo seu contributo para a modernização do ensino artístico em Portugal”.

Atualizado às 19h20 com declarações da ministra da Cultura