O primeiro-ministro do Luxemburgo, Xavier Bettel , foi acusado de ter plagiado 54 das 56 páginas da sua tese de mestrado, completada em 1999.
Após uma investigação realizada pela revista luxemburguesa Reporter, citada pelo The Guardian, o primeiro-ministro admitiu que a sua tese “deveria ter sido feita de maneira diferente”. A investigação descreveu a tese de Xavier Bettel como “uma amálgama confusa de passagens copiadas que não correspondem aos requisitos necessários pela academia”.
O primeiro-ministro, de 48 anos, justificou-se, afirmando que a tese tinha sido escrita há mais de 20 anos e sem qualquer tipo de má intenção associada. Além disso afirmou ter, na altura da escrita da tese, total confiança na Universidade de Lorraine (leste de França) para verificar se o trabalho académico cumpria os requisitos necessários à data.
A tese, escrita em 1999, fazia parte de um diploma equivalente a um mestrado, em Legislação Pública e Ciência Política, que o primeiro-ministro concluiu mesmo ano em que entrou no parlamento.
O jornal luxemburguês afirmou que a tese, intitulada “Rumo a uma Possível Reforma dos Sistemas de Voto no Parlamento Europeu”, contém “extensos excertos de texto que foram retirados, sem que haja referência, a dois livros, quatro sites e um artigo de imprensa”.
Apenas alguns parágrafos da introdução e a breve conclusão da tese, de acordo com o Reporter, não tinham sido copiados, num exercício de plágio “nunca atingido nesta escala”, uma afirmação que a investigação confirma ter sido comprovado por peritos independentes.
Xavier Bettel's master thesis from 1999 is probably one of the clearest cases of plagiarism. However the prime minister still insists that he wrote the thesis "to the best of my knowledge and belief at the time". pic.twitter.com/zHy4yOEL6W
— Pol Reuter (@PolReuter) October 27, 2021
No trabalho académico do político luxemburguês, segundo o jornal Politico, 20 páginas foram retiradas diretamente do site do Parlamento Europeu, sem que fosse citado como fonte, e nove páginas foram extraídas de um relatório de 1998 pertencente a um membro grego do Parlamento Europeu, Georgios Anstassopoulos, também este sem uma referência na dissertação.
O plágio que encontrei é bastante problemático porque foram utilizadas longas passagens, copiadas praticamente palavra por palavra”, afirmou Anna-Lena Hogenauer, professora de Ciência Política da Universidade do Luxemburgo ao Reporter. “Não é possível copiar acidentalmente várias páginas”.
O supervisor do primeiro-ministro durante a tese, Etienne Criqui, justificou que “é possível que alguns excertos tenham sido retirados de páginas da internet”,
Explicou, contudo, que o contexto era diferente na altura, e que os alunos não tinham tanta informação relativamente à aplicação de métodos científicos. Além do mais, Etienne Criqui justificou que, à data, as ferramentas para detetar plágio, como softwares de deteção, não eram tão desenvolvidas como atualmente.