Na altura em que foi operado a um problema no tornozelo direito após a fase final do Europeu de seleções, foram os próprios responsáveis do Atl. Madrid que assumiram que João Félix jogou em esforço os últimos meses da época de 2020/21, um dos períodos com menor influência desde que chegou à capital espanhola. No entanto, mesmo demorando um pouco mais do que o esperado, lá chegou a versão do avançado que todos ansiavam. Mais influente, mais envolvido com a equipa, mais participativo no jogo, mais opção para o próprio Diego Simeone. E essa subida acabou por ser reconhecida pelos próprios adeptos.

O “menino” voltou: João Félix marca oito meses depois e torna-se centro das atenções no Atl. Madrid

Numa semana marcada pela derrota em Anfield frente ao Liverpool, o internacional português recebeu o prémio “Cinco Estrelas” para melhor jogador dos colchoneros em outubro, mês em que fez assistências nos jogos com o Liverpool (em casa) e com a Real Sociedad além de um golo frente ao Betis, quebrando o longo jejum de quase 1.000 minutos sem marcar ao longo de oito meses. Mais um voto de confiança no jogador, que tem sido mais elogiado por Simeone e até utilizado como exemplo das queixas da arbitragem por ser o elemento da Liga espanhola com mais faltas sofridas por minuto num ano em que já viu um vermelho.

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“Estou muito agradecido aos adeptos. Obrigado por votarem em mim e por estarem sempre connosco nos jogos. Que continue assim, para que eles possam ter muitas alegrias”. Sinto-me bem, estou feliz. A lesão já faz parte do passado, o pé já está bem. Agora, é continuar sempre assim, seguir em frente e, quanto mais, melhor. Estamos confiantes de que vamos fazer uma grande temporada, uma grande La Liga. E, na Liga dos Campeões, ainda estamos a lutar por passar aos oitavos. Vamos lutar para o conseguir. Continuamos confiantes, sabemos o nosso valor. Agora, contra o Valencia, teremos de recuperar para estarmos bem”, comentou João Félix a esse propósito, em declarações prestadas às várias plataformas do clube.

Confiança não faltava mas os resultados nesse mês de outubro não foram propriamente os melhores após o triunfo no Wanda Metropolitano, com duas derrotas diante do Liverpool mais dois empates com Real Sociedad e Levante antes da vitória com o Betis. Já depois da (difícil) vitória do Real Madrid diante do Rayo Vallecano e de mais um empate do Barcelona em Vigo após ter estado a ganhar por 3-0, o objetivo passava por somar novo triunfo contra um Valencia que esteve sete encontros sem vencer antes do recente sucesso caseiro com o Villarreal. No final, não aconteceu. E não aconteceu porque, no nono jogo consecutivo a sofrer, o Atl. Madrid desperdiçou uma vantagem de 3-1 após sofrer dois golos nos descontos.

João Félix acabou por começar a partida no banco (o que fez com que os pushes de início do encontro de alguns jornais espanhóis colocassem isso mesmo como principal novidade, como aconteceu com o ABC) mas o Atl. Madrid conseguiu ganhar vantagem ainda na primeira parte, que terminou sem oportunidades de sobra também pela postura pouco arrojada do Valencia. E lá apareceu um suspeito do costume que não tinha marcado nos três últimos jogos, Luis Suárez, a receber de forma orientada um passe de Correa para ganhar vantagem na posição e rematar rasteiro na área para o 1-0 com que se atingira o intervalo (35′). Até aí, os colchoneros tinham criado muito pouco em termos ofensivos mas o conjunto che também pouco fez, com destaque para um remate de fora de Gonçalo Guedes para defesa segura de Jan Oblak.

O sétimo golo do uruguaio, com uma percentagem a rondar os 40% de influência atacante na formação de Diego Simeone, fazia a diferença no Mestalla mas o Valencia ainda deu sinais de redenção no arranque do segundo tempo ao chegar ao empate no culminar de uma grande reentrada que acabou com Savic a desviar para a própria baliza um remate de Gonçalo Guedes (50′). No entanto, a festa durou pouco tempo: após uma jogada fantástica depois de uma corrida de 50 metros, Griezmann fez uma autêntica obra prima com um remate colocado ao ângulo de pé esquerdo (58′) antes de Vrsljako aumentar a vantagem num lance confuso com Luis Suárez na pequena área que terminou com o desvio do lateral para o 3-1 (60′).

O encontro parecia resolvido, com Diego Simeone a rodar a equipa e a lançar Herrera e João Félix quando faltavam apenas três minutos para os 90′ e tudo parecia resolvido. O avançado português entrou para ser o homem mais adiantado, tocou na bola a abrir num desvio de cabeça para fora após lançamento, tirou outra bola para a frente em zona defensiva e assistiu de perto a uma grande recuperação do Valencia com um bis de Hugo Duro: primeiro o avançado emprestado pelo Getafe surgiu de forma oportuna na área para desviar de primeira depois de um cruzamento de Gayá (90+2′), a seguir desviou de cabeça um livre lateral de Gonçalo Guedes (90+6′). Ao contrário daquele vídeo que se tornou viral há uns anos, Guedes não caiu e até fez cair, sendo o dínamo dos visitados para conseguirem ainda resgatar um ponto no jogo.