A primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, mostrou-se esta segunda-feira “horrorizada” com a possibilidade de o Governo britânico suspender unilateralmente o Protocolo para a Irlanda do Norte, parte do acordo do Brexit.

Numa reunião virtual com jornalistas da Foreign Press Association no Reino Unido, a líder nacionalista expressou a sua opinião sobre as consequências de um cenário hipotético em que o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, ativasse o Artigo 16 do Protocolo, que permite a uma das partes deixar de aplicar aspetos do acordo, e alertou para o risco de desencadear uma “guerra comercial” com a União Europeia (UE).

Sturgeon confessou que está “profundamente preocupada” com as implicações de suspender o mecanismo que mantém a província britânica no mercado único europeu de mercadorias, a fim de evitar uma fronteira física com a vizinha República da Irlanda, membro da UE.

Em troca, impõe controlos fronteiriços entre a Irlanda do Norte e o resto do Reino Unido, o que tem conduzido a fricções económicas e tensões políticas.

A UE fez sugestões muito razoáveis para resolver algumas das questões práticas em torno da aplicação do protocolo e, em vez de se envolver de forma responsável com vista a alcançar um resultado sensato, o Governo de Boris Johnson parece estar continuamente a tentar inflamar tensões, o que me parece ser motivado por razões políticas e ideológicas”, disse Sturgeon.

Ao mesmo tempo, considerou que o Executivo de Londres “está a arriscar desencadear uma guerra comercial com a UE que não seria do interesse de ninguém”.

A política escocesa disse esperar que “o bom senso prevaleça finalmente”, embora estando “profundamente preocupada” com o que pode acontecer “nas próximas semanas”.

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A política escocesa também abordou a questão da independência escocesa e, depois de se ter declarado “defensora da democracia”, recordou que a sua vitória nas últimas eleições foi forjada com base “na proposta de que durante a primeira metade desta legislatura – se a Covid-19 o permitir – os escoceses deveriam ter a oportunidade de decidir se querem ou não ser independentes”, sublinhou.

Recordando que a Escócia já realizou um referendo de independência em 2014, no qual o “não” à separação venceu, Sturgeon observou que “o mundo mudou bastante dramaticamente” desde então, com fatores como o Brexit, que se materializaram “contra a vontade” dos escoceses.

Na sua opinião, um hipotético referendo deveria ser “democrático, constitucional e legal“, embora tenha advertido que “se Boris Johnson quiser negar a democracia, a dada altura terá de levar o Parlamento escocês a tribunal”.