“A estrada para a União Europeia (UE) não passa pela Bielorrússia.” A garantia foi dada pelo chefe da diplomacia comunitária, Josep Borrell, que foi bastante crítico com o regime de Alexander Lukashenko, acusando o Presidente bielorrusso de levar a cabo um “esquema deplorável” que “instrumentaliza” migrantes: “É ilegal e desumano”.

Numa conferência de imprensa esta segunda-feira, o também vice-presidente da Comissão Europeia anunciou que serão divulgadas novas sanções nos próximos dias contra a Bielorrússia, assegurando que a UE será capaz de “sancionar” mais organizações do país, bem como os responsáveis por chamar os migrantes para a fronteira polaco-bielorrussa.

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As declarações do alto responsável surgiram após os ministros dos Negócios Estrangeiros (MNE) da UE terem estado, esta segunda-feira, reunidos para discutir os problemas na fronteira. Apesar de não ter avançado nenhuma medida em concreto, o MNE alemão, Heiko Maas, adiantou, de acordo com a Reuters, que “algumas sanções severas económicas serão inevitáveis”. 

Josep Borrell indicou “que as fronteiras da UE não estão abertas de qualquer modo — só é possível atravessá-las com um requerimento. Todo outro tipo de informação é errado, é desinformação”, endurecendo o discurso contra o regime de Lukashenko: “Está a converter os migrantes num instrumento para alcançar um determinado objetivo político”.

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Para o alto responsável, o regime bielorrusso é “100% responsável” por esta “agressão híbrida” contra a fronteira da UE. “Esta crise foi artificialmente criada”, disse. Além disso, sinalizou que os migrantes que estão na fronteira devem ser auxiliados, mas insta para que voltem para os países de origem, caso não tenham as condições necessárias para serem considerados refugiados. “Saúdo os países que estão a organizar voos de repatriamento”, aludindo à iniciativa do governo de Iraque.

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Sem rodeios, Josep Borrell criticou ainda o regime de Lukashenko, alegando que “não respeita os direitos humanos” — muito menos dos seus “próprios cidadãos”.