Antes das eleições diretas, em meados novembro, Rui Rio iniciou a discussão sobre uma coligação com o CDS e a maioria dos membros da direção pronunciou-se contra um acordo pré-eleitoral. Mas com a vitória de Rio nas internas a hipótese ganhou força e tudo se parecia encaminhar nesse sentido. O assunto voltou esta terça-feira a ser discutido, mas a decisão voltou a ser a mesma. A proposta de coligação pré-eleitoral com o CDS (e o PPM) foi chumbada com apenas três votos a favor no órgão de direção alargada do partido (a Comissão Política Nacional) e por isso não vai chegar a ser submetida ao Conselho Nacional desta terça-feira noite.

Rui Rio optou por não se pronunciar sobre o assunto desta vez, de forma a deixar os restantes membros da Comissão Política Nacional mais livres para se pronunciarem sobre a eventual coligação pré-eleitoral. Os membros que se pronunciaram contra a coligação foram, no entanto, muito expressivos e expuseram vários argumentos sobre as desvantagens de o PSD ir a votos coligado com o CDS.

Já em novembro, como na altura noticiou o Observador, os vice-presidentes do PSD Nuno Morais Sarmento, David Justino e André Coelho Lima se tinham manifestado contra uma coligação com o CDS. Coelho Lima tinha até assumido isso mesmo em entrevista ao Observador: “O PSD deve apresentar-se a eleições como partido social-democrata como sempre fez, tirando quando esteve no governo coligado”.

O CDS está muito enfraquecido e algumas sondagens mostram mesmo que pode ter dificuldade de eleger um deputado. No PSD há quem veja a coligação como um ato de quase solidariedade. O candidato derrotado das diretas, Paulo Rangel, já tinha feito saber que não faria coligação pré-eleitoral com o CDS caso fosse eleito. Já Rui Rio nunca fechou essa porta. Na sede de campanha de Rangel, na noite eleitoral, comentava-se entre apoiantes de Paulo Rangel: “No Caldas já estão a abrir o champanhe”. Mas, afinal, o PSD irá sozinho a votos.

Rui Rio sempre disse que, mais do que o partido, foi a admiração por Francisco Sá Carneiro que o fez aderir ao PSD. No último fim-de-semana, a propósito do aniversário da morte do fundador do PSD, Rui Rio foi a  Barcelos participar numa homenagem a Francisco Sá Carneiro, na freguesia de Manhente, onde Sá Carneiro tem fortes ligações familiares e passou períodos de férias. Haveria aqui um simbolismo adicional: a AD (Aliança Democrática) de Sá Carneiro incluía precisamente o PSD, o CDS e o PPM (além do movimento dos Reformadores).

A última vez que PSD e CDS foram coligados, com o nome de PàF (Portugal à Frente), esta foi a força política mais votada nas eleições legislativas de 2015. No entanto, o PS de António Costa, que ficou em segundo lugar, saiu vencedor porque conseguiu formar Governo com o apoio de uma até então inédita “geringonça” que uniu toda a esquerda parlamentar.

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