O presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos afirmou esta terça-feira que o Hospital Garcia de Orta, em Almada, tem as “urgências atoladas de doentes” e que os profissionais de saúde “estão exauridos”.

[Aquilo com] que nos deparámos foi com um hospital de profissionais exauridos e urgências atoladas de doentes em que a Covid-19 não é neste momento o mais importante problema”, disse Alexandre Valentim Lourenço no final de uma visita ao Hospital Garcia de Orta, onde esteve reunido com diretores de serviços.

Segundo o responsável da Ordem dos Médicos, o mais importante neste momento é preservar a capacidade do hospital nos cuidados intensivos, na medicina interna e na psiquiatria para os doentes que têm estas doenças e que chegam a esta unidade hospitalar “piores do que a maior parte dos doentes Covid”.

“Neste hospital como noutros, 80% dos doentes internados com patologia Covid são não vacinados. Interessa preservar as pessoas que se vacinaram e que têm outras doenças que também matam, que por dia matam mais do que a infeção Covid”, frisou, adiantando que continuam a existir “enfartes do miocárdio, avcs e doenças que descompensam”.

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Alexandre Valentim Lourenço disse ainda que o Hospital Garcia de Orta, que serve 350 mil utentes, tem mantido a preocupação em dar assistência a estes doentes, mas que os internamentos “estão todos cheios no que respeita à doença não Covid”, enquanto os doentes Covid “têm instalações bem equipadas, enfermarias praticamente vazias e equipas dedicadas a eles”.

Nesta unidade hospitalar, adiantou, faltam médicos e enfermeiros, uma situação que afeta, por exemplo, a retoma normal das cirurgias.

Por outro lado, alertou, na área da psiquiatria não existem salas para a observação destes doentes pelos que estão 50 pacientes com patologias do foro psiquiátrico internados na urgência porque não existe outro local para os colocar por falta de recursos humanos.

O presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos considera fundamental a melhoria na articulação com os cuidados de saúde primários, indicando que 60% dos doentes a quem é atribuída pulseira verde ou azul, segundo a Triagem de Manchester, “atolam as urgências” e deviam ter sido vistos nos centros de saúde.

“Continuamos a ver os médicos de família a prestar apoio à vacinação, em ADRS (Áreas Dedicadas para Doentes Respiratórios e Covid-19) ou no trace Covid que devia ser feito por outro tipo de profissionais”, frisou.

A visita de Alexandre Valentim Lourenço surge sete dias depois de terem sido encerrados os serviços de urgência pediátrica e consulta externa de pediatria do Hospital Garcia de Orta por um período de 14 dias, na sequência de um caso de Covid-19 da variante Ómicron.

Os dois serviços encerraram temporariamente devido a um caso num profissional de saúde, em funções no hospital, tendo a unidade aplicado a medida de isolamento profilático imediato a todos os contactos de risco identificados.

Questionado sobre esta questão, o responsável da Ordem dos Médicos disse que o tempo de isolamento termina no final da semana, pelo que espera que o serviço retome a sua atividade normal.

Por outro lado, disse que “nem os profissionais estão doentes nem ausentes” e que se a medida fosse aplicada em todos os serviços de urgência muitos encerrariam.

Atualizada às 16h50